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Vai estudar para Portugal? Tenha cuidado com o preço do alojamento

O custo do alojamento continua a ser a maior dificuldade para os estudantes universitários em Lisboa e no Porto, e para as famílias de classe média sem acesso à bolsa, alertam federações académicas.

Cada vez mais estudantes estão a desistir do ensino superior público após o primeiro ano do curso, segundo dados do portal Infocursos, e apesar de o problema não ser tão grave nas instituições de Lisboa e do Porto, os representantes dos alunos dizem que as dificuldades estão a afetar um maior número de jovens que equacionam abandonar os estudos ou encontrar alternativas.

“Os números de estudantes que já consideraram abandonar o ensino superior teimam em não baixar e isso é algo que nos preocupa bastante”, relatou à Lusa o presidente da Federação Académica do Porto (FAP), sublinhando que o alojamento é o principal fator.

Na invicta, um quarto custa, em média, 400 euros por mês, pouco menos do que em Lisboa, onde as rendas rondam os 450 euros, segundo o Observatório do Alojamento Estudantil.

“É incomportável para uma família de classe média”, afirmou Francisco Fernandes, que referiu que o custo do alojamento já não afeta apenas os alunos mais carenciados, bolseiros e com acesso ao complemento de alojamento, mas também aqueles que, não reunindo os requisitos para receber bolsa, têm dificuldade em arranjar um quarto que a família consiga pagar.

Da Federação Académica de Lisboa (FAL), Catarina Ruivo acrescentou que muitos dos estudantes que arrendam quarto se encontram em situações frágeis, sem contrato de arrendamento e sujeitos a aumentos indiscriminados da renda.

“Recebemos relatos de estudantes que veem a renda aumentada duas vezes no mesmo ano letivo”, disse à Lusa.

A situação leva muitos jovens a ponderar abandonar a universidade ou a escolherem alternativas que lhes permitam continuar a estudar, mesmo que em prejuízo da sua qualidade de vida e bem-estar.

Uma das soluções cada vez mais frequente é continuar a viver em casa dos pais e fazer longas deslocações diariamente para ir às aulas, exemplificou o presidente da FAP.

“Há estudantes a levantarem-se às 05:00 para terem aulas às 08:00, estudantes que vivem para lá de Braga e de Penafiel”, explicou, referindo que, além da distância, as viagens são sobretudo demoradas porque, na maioria dos casos, os transportes públicos são pouco acessíveis.

“Têm de levantar-se muito cedo e chegar a casa muito tarde para poderem continuar a estudar no ensino superior. É particularmente difícil e desgastante”, considerou Francisco Fernandes, sublinhando que, para muitos, é a única opção.

No final do ano passado, a FAL divulgou um inquérito que revelou que um terço dos estudantes já ponderou abandonar o ensino superior. A maioria apontou como fator mais relevante a saúde mental, mas os custos associados surgem logo a seguir, com o alojamento a representar a despesa mais relevante.

Preocupados com a situação, os dirigentes das duas federações académicas alertam que o Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior não é suficiente e defendem a necessidade de reforço de apoios ao alojamento a todos os estudantes e não apenas bolseiros.

“Em setembro, provavelmente o número de vagas volta a aumentar, vamos ter mais estudantes no ensino superior, e o número de camas construídas não foi, de todo, suficiente para acomodar os novos estudantes”, antecipou Catarina Ruivo.

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