Vagas assolam-me o cérebro
e eu quero, quero-te aqui
quero-te nua aqui perto de mim
quero ver aquele amor
que me prometeste
e o véu que era teu
fugiu com o frio
és tão clara entre os meus dedos
e a fragrância dos teus cabelos
afaga as ânsias em mim
inebriante a sensação
dos gemidos e beijos e gritos
vaga após vaga.
Era incompleto
mas senti o ímpeto
tocaste-me o ventre
abriste-me o coração
senti o mundo a penetrar-me o corpo
o universo em revolução
as estrelas explodindo
em magníficas supernovas
os mares abrindo-se
os céus rompendo-se
os ventos aspirando
o sol escorregando
sobre as águas
e incendiando o oceano
ondas de fogo
espuma ardente
que se joga num vai-vem insistente
sobre a baía inexplorada
vaga após vaga.
E a caravela calada
fendendo os mares
vai chegando a pouco e pouco
em novas investidas
num derrame rouco
de novos conquistadores
sobre as areias destas praias
fazer os frutos nascer
em novas terras prometidas
comer maçãs todas as manhãs.
JLC1995