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Tríptico: pétala daqui, pétala dali

O meu todo e tão saudoso pai faria hoje cem anos.

Porém viria a viver apenas 57% até hoje.

Se bem sei contar – e sei mal, de números -, não vive há exactos 43% até hoje.

Eu tinha doze anos – quando deixou de viver. Mas tenho memórias muito nítidas, – a imagem dele, e muitos ensinamentos que com muita honra guardo e (nem tento praticar): pratico. Cumpro-os de modo automático.

Não custa nada. Não se dá por nada.

São exemplos, são práticas ou não práticas – que eu quero manter e que – tão óbvio – eu queria aprender e colher informações ao seu lado pela vida. Ao seu lado e por vezes atrás de si a delinear aos seus passos como ele houvera feito a mim.

A aritmética, as percentagens, são assim e realmente assim complicadas.

Tal não aconteceu.

Há, também, hoje, exactos trinta e quatro anos, que eu – levado não sei porquê e em parte para preservar a sua memória – levei com giz que gizou, delineou com muitas curvas (à direita ou à esquerda) – aclives e declives, a minha vida, impedindo-me (?!) de praticar mais ensinamentos e seguir os seus passos, a sua rectidão.

Na hora agá, com o fémur descarnado e de fora dez centímetros junto ao joelho, mais cinco centímetros no chão perdidos, eu mesmo, a minha voz levantada do meu chão caído na estrada vinquei: É o destino.

Mas não: era o futuro. Os dias de amanhã sem expressão e sem presente, marcado num passado que é o meu presente para o futuro.

Não faço, presente / presentes, por menos. Nem por mais.

Faço com cada dor dos milésimos dos segundos que são mais de terceiros.

Mas não sou o primeiro.

Fiquei – fico para último, no fim.

 

Mário Adão Magalhães

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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