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Tour: portugueses Nelson Oliveira e Rui Costa em 53º e 67º

© DR

Jordi Meeus catapultou-se para a elite do ciclismo ao ganhar nos Campos Elísios, impedindo o quinto triunfo de Jasper Philipsen na 110.ª Volta a França em bicicleta, na festa da consagração do agora bicampeão Jonas Vingegaard (na foto).

Sem palmarés de relevo até hoje, o belga da BORA-hansgrohe, de 25 anos, surpreendeu o camisola verde, grande dominador dos sprints neste Tour e vencedor nos Campos Elísios na passada edição, conquistando o direito de estar no pódio final, como vencedor da 21.ª e última etapa, após ser consultado o ‘photo finish’.

“É o meu primeiro Tour, já tinha sido uma ótima experiência até agora, mas chegar à vitória hoje é um sentimento indescritível”, disse Meeus, que cortou a meta com o tempo de 02:56.13 horas, diante do compatriota da Alpecin-Deceuninck e do neerlandês Dylan Groenewegen (Jayco AlUla), respetivamente segundo e terceiro.

Mas também Philipsen subiria ao pódio, como ‘dono’ da classificação dos pontos, numa cerimónia em que o maior protagonismo foi, inevitavelmente, para Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma), o incontestável vencedor desta ‘Grande Boucle’, tal foi a superioridade demonstrada, sobretudo na última semana, que lhe permitiu deixar Tadej Pogacar (UAE Emirates) a ‘distantes’ 07.29 minutos. Vice-campeão pelo segundo ano consecutivo, o esloveno dividiu hoje o pódio com o seu colega britânico Adam Yates, terceiro a 10.56.

Os 115,1 quilómetros entre Saint-Quentin-en-Yvelines e a meta final começaram como sempre: os donos das camisolas ‘fugiram’ ao pelotão, para a tradicional foto dos vencedores, momento aproveitado por Pogacar para desafiar Vingegaard a talvez tentar alguma habilidade, o surpreendente ‘super combativo’ Victor Campenaerts (Lotto Dstny) teve o seu momento de glória e até houve tempo para os ciclistas da Uno-X, equipa estreante na prova, se destacarem, assim como os compatriotas do camisola amarela, que ladearam a maior ‘estrela’ velocipédica do seu país.

Já estavam decorridos quase 25 quilómetros da 21.ª e última etapa e ainda a Jumbo-Visma e a Alpecin-Deceuninck brindavam com champanhe, perante um pelotão de 150 ‘bravos’ cansados, depois de quase 3.400 percorridos desde Bilbau (Espanha), onde a 110.ª edição começou a 01 de julho. 

Após a primeira hora ter decorrido a uma inusitada média de 25,7 km/h, o pelotão continuou a ‘desfrutar’, com o ‘rei da montanha’ Giulio Ciccone a ‘disputar’ com Mads Pedersen e Mattias Skjelmose, os colegas da Lidl-Trek que mais o ajudaram a conquistar essa classificação, a meta volante – pela primeira vez, o trepador italiano bateu ao sprint o dinamarquês, campeão mundial de fundo em 2019. 

Mas quando, finalmente, entraram nos Campos Elísios, para as voltas ao circuito final, Pogacar atacou, levando ao delírio os milhares de adeptos que coloriam as artérias do coração da capital francesa. 

O esloveno de 24 anos, que hoje se consagrou como recordista solitário de vitórias da classificação da juventude, com quatro, demonstrou hoje novamente porque é o favorito dos adeptos do ciclismo respeitando o seu ‘ADN’, de proporcionar espetáculo onde quer que vá, numa iniciativa em que foi acompanhado pelo ‘escudeiro’ do camisola amarela Nathan Van Hooydonck.

‘Pogi’, bem ao seu estilo, ‘explodiu’ a corrida, e incentivou outros, como Michal Kwiatkowski (INEOS), Alberto Bettiol (EF Education-EasyPost) ou Skjelmose, a arriscarem a sua sorte nuns Campos Elísios molhados, mas a tentativa seria anulada a 32 quilómetros da meta. 

Contudo, a etapa já ia lançada e até Nelson Oliveira (Movistar) tentou, na companhia de Simon Clarke (Israel-Premier Tech) e Frederik Frison (Lotto Dstny), com o trio a andar duas dezenas de quilómetros na frente do pelotão, chegando mesmo a dispor de 20 segundos de vantagem, um feito fantástico para o ciclista português, a demonstrar toda a classe de que é feito.

Ainda o corredor de Vilarinho do Bairro seguia em fuga quando Jai Hindley (BORA-hansgrohe) teve um problema mecânico, um novo dissabor para o australiano que viu as suas aspirações ‘condenadas’ por uma queda na 14.ª etapa – acabou em sétimo, depois de ter sido terceiro classificado durante oito dias, os subsequentes a ter vestido a amarela.

Oliveira, e os seus companheiros de aventura, foram ‘apanhados’ já nos derradeiros 10.000 metros, na mesma altura em que a direção da prova anunciava que, devido ao piso escorregadio, os tempos para a geral seriam registados à sétima passagem pela linha de meta, permitindo que a última volta ao circuito fosse disputada mais tranquilamente por todos.

Conhecedores dessa decisão, Vingegaard e os restantes Jumbo-Visma deixaram-se ficar para trás e cruzaram a meta juntos, bem depois de Meeus ter festejado a sua primeira vitória numa grande Volta (e no WorldTour) logo no cenário mais emblemático do ciclismo. 

“Quero voltar o ano que vem para ver se consigo a terceira vitória, ou pelo menos tentar. Esse é o plano”, assumiu o dinamarquês de 26 anos, ainda antes de vestir a amarela final, ao lado do seu arquirrival e do ‘estreante’ Adam Yates, que pela primeira vez subiu ao pódio numa grande Volta.

Depois de exibir-se nas ruas de Paris, Nelson Oliveira foi 69.º na etapa, fechando a sua participação na 53.ª posição da geral, a 03:08.26 horas do novo bicampeão. Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) concluiu a sua 11.ª presença no Tour no 67.º lugar, a 03:37.57, depois de hoje ser 149.º.

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