Pela autonomia de Taiwan face ao governo comunista chinês, uma delegação taiwanesa fará esta semana 12.500 quilómetros até às Nações Unidas, organização onde querem ver representado o território e a cujo secretário geral, António Guterres, apelaram por carta.
Taiwan é uma “nação livre, com a sua Constituição, o seu exército, a sua moeda, o seu sistema judicial”, com “uma população que vive democraticamente”, argumenta Michael Tsai, um advogado reformado, ex-ministro da Defesa e deputado.
Num encontro com jornalistas internacionais, em Taipé, Tsai e vários dirigentes da organização não governamental (ONG) TAIUNA relatam, em tom apaixonado, como estão até impedidos de entrar no edifico da ONU.
Ao mesmo tempo repetem críticas à “intimidação” feita pela China, o seu vizinho que considera a ilha como uma das suas províncias.
Taiwan como membro das Nações Unidas é o principal desejo da ONG, que marcará presença na 79.ª dessão da Assembleia Geral da organização. Uma marcha, uma conferência de imprensa e uma carta enviada a António Guterres fazem parte do roteiro, que integra também uma viagem a Washington com o objetivo de reverter todos os pedidos “ignorados” para que o território asiático integre a ONU.
Tommy Lin, atual presidente da ONG que assinou a carta dirigida a António Guterres, datada de 09 de setembro, com a solicitação de uma audição formal para clarificar a resolução 2758.
Em causa, segundo os taiwaneses, está a “interpretação errónea” que reconhece a “República Popular da China como o governo legítimo da China” e que tem sido “utilizada para bloquear a inclusão de Taiwan”.
“Esta resolução, na sua verdadeira intenção, não aborda a soberania de Taiwan nem implica que a China tenha soberania sobre Taiwan. Consequentemente, Taiwan foi excluída das organizações internacionais filiadas na ONU”, lê-se na carta dirigida ao responsável português.
Fazendo também pressão para o governo taiwanês alavancar a sua causa, a TAIUNA quer a ilha como membro das Nações Unidas sob o nome de Taiwan, uma vez que o território continua a ser oficialmente República da China, enquanto garante presença nos Jogos Olímpicos através da denominação de Taipé Chinesa.
“Porque é que devemos aceitar uma ditadura comunista que nos controle?” afirma Tsai, em forma de pergunta retórica, garantindo que a entrada nas Nações Unidas tem cabimento num quadro legal, incluindo em matéria de direitos humanos.
“Liberdade, direitos humanos e democracia”, são as três palavras que os responsáveis da ONG repetem para caracterizar a sua terra natal, que “poderá fazer frente à China” e que continua a querer ser uma “ponte para a boa vontade”, como aconteceu durante a pandemia Covid-19, ao garantir máscaras e outros bens médicos a vários países.
China e Taiwan estão separadas desde 1949, altura em que a China se tornou comunista após uma guerra civil.
A China tem procurado excluir Taiwan dos fóruns internacionais, considerando a ilha democrática como uma das suas províncias e não excluiu a opção militar de reunificar a ilha com o continente.
Um dos mais recentes exemplos destas pressões foi, no final de agosto, um volte-face dos líderes do Fórum das Ilhas do Pacífico (PIF) após reafirmarem em comunicado final da sua cimeira a validade de um acordo que, desde 1992, permite a Taiwan participar nas discussões da aliança como parceiro de desenvolvimento.
Esta menção pelo PIF causou imediatamente um desagrado ao enviado especial da China ao Fórum, que declarou aos jornalistas que esta menção deveria “ser um erro”, e “não certamente um consenso”, pelo que “não deveria ser o comunicado final” sem “uma correção ao texto”.
Sem qualquer explicação, o PIF publicou uma nova versão do comunicado, na qual o parágrafo sobre as “relações com Taiwan” foi omitido.
A 79.ª Assembleia Geral da ONU vai reunir-se em Nova Iorque na terça-feira, com debates gerais marcados entre 24 a 28 de setembro e no dia 30 de setembro.
A delegação de TAIUNA estará em Nova Iorque entre 12 e 13 de setembro e depois em Wasghinton, onde vai realizar o fórum “A democracia de Taiwan e a sua representação internacional”, com a anunciada presença do antigo Secretário de Estado dos EUA Mike Pompeo, o Presidente e Diretor Executivo do Hudson Institute, John P. Walters, e o Presidente do Washington Times, Tom McDevitt.