Nos últimos dias vieste habitar a minha cabeça.
Inadvertidamente, diriam os entendidos.
Instalaste-te, abriste as janelas, limpaste o pó…
Gabo-te o grande empreendimento!
Na floreira da terra ressequida plantaste flores,
Não lhes sei o nome, mas cheiram a sonhos.
Já brotaram e vão viçosas e alegres a perfumar o ambiente.
Mas neste T0 vazio, onde a realidade-pedra
Não rima com flores que se sentem sonhos,
Subitamente, o real acorda-me.
E pela realidade desalojo-te. Dói, mas desalojo-te.
Fecha as janelas, cobre a parca mobília e arranca as flores.
Leva-as e dá-as a quem as merecer…
Deixa tudo na escuridão.
Bate a porta, arremessa a chave…
Despovoa-me.
E ai de ti de me pedires morada ao coração!