A ópera “Felizmente há luar”, criada pelo compositor Alexandre Delgado, neto do general Humberto Delgado (1906-1965), para a Orquestra Filarmónica Portuguesa, vai ser apresentada, no sábado, no Teatro Garcia de Resende, em Évora.
Segundo o Centro Dramático de Évora (Cendrev), companhia residente do teatro alentejano, o espetáculo, com direção artística e musical de Osvaldo Ferreira e música e libreto de Alexandre Delgado, sobe ao palco às 21:30.
“‘Felizmente há luar’, de Luís de Sttau Monteiro [1926-1993], é uma peça fundamental do teatro português do século XX, que retrata a resistência contra a ditadura do Estado Novo e a censura cultural”, realçou o Cendrev.
Concebida para assinalar os 50 anos do 25 de Abril e encomendada pela Orquestra Filarmónica Portuguesa, a ópera teve antestreia no Teatro Municipal da Guarda, no dia 01 deste mês, e a estreia aconteceu, uma semana depois, no Teatro São Luiz, em Lisboa.
Escrita em 1961, assinalou a companhia de Évora, a peça é “inspirada na conspiração de Gomes Freire de Andrade contra a dominação inglesa na primeira metade do século XIX” e “faz uma alegoria à ditadura salazarista, apresentando questões universais sobre liberdade, poder, coragem e resistência”.
“Esta não é apenas uma celebração artística, mas também uma homenagem à revolução que restaurou a democracia em Portugal. A obra, já impregnada de temáticas de resistência e luta pela liberdade, adquire assim uma ressonância ainda mais profunda ao ser invocada neste contexto”, acrescentou.
A música e o libreto para “Felizmente há luar” têm autoria de Alexandre Delgado, neto do general Humberto Delgado assassinado pela PIDE em 1965 e cujo corpo foi encontrado próximo de Villanueva del Fresno (Espanha), a cerca de quatro quilómetros da fronteira com Portugal.
O espetáculo junta em palco cerca de 50 instrumentistas da Orquestra Filarmónica Portuguesa, dirigidos pelo maestro Osvaldo Ferreira, e dez atores e cantores líricos, dirigidos pelo encenador Allex Aguillera, assim como o Coro Proarte, orientado por Filipa Palhares.
Apesar de escrita e publicada em 1961, a peça só teve a sua estreia em palco em 1969, em Paris, e não foi encenada em Portugal antes de 1975, primeiro pelo TEB – Teatro Ensaio do Barreiro e, três anos depois, pela companhia do Teatro Nacional D. Maria II.
Depois de Évora, a ópera “Felizmente há luar” será apresentada, em 08 de setembro, no Theatro Circo, em Braga, em 05 de outubro, no Teatro das Figuras, em Faro, e, em 26 de outubro, no Europarque, em Santa Maria da Feira.