Teus olhos negros de misteriosa beleza dotados
Possuíam a luminosidade enigmática das esplêndidas noites orientais
E teu porte nobre denunciava a sua origem real,
Quando naquela tarde longínqua com Alexandre se deparara.
Trazias um brilho indecifrável no olhar velado
E no peito um inóspito soluço de dor,
Quando te inclinaras, com altiva reverência, diante do teu novo soberano.
Mas ao erguer a fronte bela, ornada com a tiara real,
Teus negros olhos encontraram o olhar ardente do Grande Alexandre
E teu coração pulsara descompassado.
E uma estranha sensação lhe tocara profundamente a alma.
Havia naquele olhar profundo e magnetizante algo indefinível
E por um instante não puderas compreender, porém, o sentira…
E o jovem magno soberano, até então, imune ao amor,
Sentira seu coração pulsar no ritmo acelerado do teu negro olhar.
Fora apenas um instante, mas os olhos de Alexandre lhe disseram tudo.
E compreenderas…
E não lamentaras o teu reino perdido…
Eras bela, de uma inesquecível beleza oriental.
E possuías um gênio forte e uma alma nobre
E, talvez por isso, o coração do jovem rei para sempre conquistaras.
E naquele instante de magia, em que para sempre o teu destino ao dele unia,
Selaste com luz o teu sublime pacto de amor.
E o amaras…
Profundamente…
E foras por ele ardentemente amada…
Nobre princesa da Bactriana,
Ao lado do teu amado soberano até o último instante estiveras…
E com o seu amor, até o último momento o envolvera…
E nunca dele te esqueceras.
Ao teu lado reinaras e o amaras…
E quando os olhos claros de Alexandre, em Babilônia, para sempre se velaram,
Fora o teu amor que com ternura o sustentara…
Arádia Raymon