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Português é um dos maiores produtores de vinhos em Bordéus

Depois de uma “infância difícil” em França por ser filho de emigrantes, o franco-português José Rodrigues é hoje um dos maiores produtores de vinho da região de Bordéus, com quatro propriedades, e exporta para todo o mundo. 

“Foi uma infância difícil, porque eu chamo-me José Rodrigues e os meus colegas chamavam-se Martin ou outros nomes franceses e eu vi logo que havia uma diferença entre eles e eu. Tinha de ter uma posição inferior, mas isso deu-me força para eu ter sucesso nos meus estudos. Eu vi que era a única hipótese”, disse José Rodrigues, em declarações à agência Lusa.

Oriundos de Fafe, os pais de José Rodrigues chegaram a França quando este tinha apenas seis meses. O franco-português formou-se primeiro em engenharia química, tendo depois seguiu a paixão do vinho, herdada do avô, lembrando-se ainda do cheiro da adega em Portugal.

“Trabalhei na indústria da energia durante oito anos e depois decidi dedicar-me ao vinho, formei-me como enólogo em Bordéus. Quando saí da universidade, fui logo recrutado através de uma empresa de talentos para o mercado da cortiça. E esse trabalho deu-me capacidade para investir no meu primeiro Château e depois consegui otimizá-lo para ter bons vinhos”, contou.

O primeiro Château, maneira como se designa uma propriedade onde se produz vinho em Bordéus, que comprou foi o Château de Castres, tendo depois adquirido o Château de Beau-Site, o Château Roche-Lalande e mais recentemente o Château du Pont Saint Martin. Ao todo, detém mais de 70 hectares de vinha com uma produção anual de mais de 500 mil garrafas. As várias quintas de Rodrigues estão identificadas como Domaines Rodrigues-Lalande.

Os vinhos de José Rodrigues têm-se destacado pela qualidade nas denominações de Graves e Pessac-Léognan, sendo servidos em 85 restaurantes em Bordéus, mas estando presentes em todo o mundo, desde a Tailândia a Nova Iorque.

“O que é preciso é ter a qualidade de um vinho de Bordéus, mas depois destacar-se na ‘floresta’. E é no controlo de qualidade dos vinhos, para ter sempre um vinho impecável e ter sempre notas boas a nível internacional, que está o segredo”, declarou.

Otimizando as suas vinhas e recorrendo às tecnologias mais recentes, José Rodrigues caracteriza o seu vinho como cumprindo todos os critérios de sustentabilidade.

“É um vinho equilibrado entre o álcool e o ácido, fazendo um vinho redondo, potente, forte e sem açúcar, nem muita acidez. É um vinho limpo, todas as minhas propriedades são certificadas como Alto Valor Ambiental, o que significa que tudo é controlado e sustentável”, descreveu José Rodrigues.

O projeto deste produtor de vinho é agora comprar um vinha em Portugal, no entanto ainda não encontrou uma propriedade ideal para explorar no seu país de origem.

“Não desisto de ter uma vinha em Portugal, porque é a terra dos meus pais. Mas hoje há um problema económico em Portugal e quem está a vender tem de se abrir mais e ver como as coisas se passam nos mercados. Eu vou comprar, mas quero comprar algo com futuro”, concluiu.

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