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Pedro Nuno Santos e a nova ambição política

António Costa passou o testemunho a Pedro Nuno Santos, o novo secretário-geral e candidato a primeiro-ministro. Nas intervenções que fez mostrou ambição e vontade reformista para Portugal, mostrou sensibilidade social e espírito de inovação, consciente da importância de tomar decisões sem medo nem desculpas. Falou de uma coisa muito importante em política, que nem sempre é valorizada: empatia. Sim, a empatia é fundamental, pôr-se no lado das pessoas, compreendê-las. Esta é, por isso, uma grande qualidade política.

E o PS demonstrou também ser um partido que se renova no respeito pelo pluralismo interno e no debate de ideias, que são a essência da democracia.

É de assinalar que a disputa interna para a liderança do PS, sobretudo entre Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, foi um exemplo de democracia e constituiu uma forma de fortalecer o PS e de projetar uma imagem de unidade, fundamental para vencer o grande desafio que são as eleições legislativas antecipadas de 10 de março. 

Umas eleições totalmente desnecessárias, é preciso dizê-lo, fruto de uma instabilidade criada pela intromissão da justiça na política e da decisão incompreensível do Presidente da República de aceitar a demissão do Primeiro-Ministro e de decretar a dissolução da Assembleia da República. Se já nem uma maioria absoluta no Parlamento é garante de estabilidade, então temos razões de preocupação sobre a solidez da nossa democracia e do sistema político. 

No primeiro dia do congresso do PS, António Costa, fez um balanço do mandato extraordinário do governo que lidera e que teve de enfrentar os estilhaços de uma crise brutal económica e financeira, de uma pandemia que, aliás, geriu com brilhantismo e os efeitos de duas guerras, no Leste da Europa e no Médio Oriente.

A declaração que fez já no final do seu discurso tem uma força e um significado enorme. Vale a pena citar tudo: “Podem ter-me derrubado, mas não me derrotaram. Podem ter derrubado a Assembleia da República, mas não derrotaram o PS”.

Neste contexto, ainda assistimos a mais um episódio elucidativo sobre a forma como a justiça procura condicionar a vida política, com uma notícia sobre António Costa, sem qualquer consistência relacionada com o processo que o derrubou, no exato dia em que ia fazer a sua última intervenção como Secretário-Geral no Congresso do PS. Pelos vistos, a justiça tem os seus timings maldosos, o que, pelo seu perfil de comportamento, representa acima de tudo uma preocupante degradação da democracia. E, no ano em que se celebram os 50 anos do 25 de abril, é algo que não se pode tolerar. A democracia é frágil, já o sabíamos. Por isso mesmo exige que todos os democratas e amantes da liberdade digam basta!
Isso significa que, nesta caminhada para as próximas eleições, o Partido Socialista continua a ser o melhor garante de estabilidade para dar continuidade às muitas medidas de enorme importância tomadas a nível económico e social, desde logo a subida do salário mínimo, a recuperação de rendimentos por via da alteração dos escalões do IRS para a generalidade dos portugueses e os aumentos das pensões de reforma.

Uma coisa é certa. Em termos de conquistas sociais, não será nenhum dos partidos de direita que defenderá os progressos que se conseguiram nos últimos oito anos. Pelo contrário.  Aquilo que a história mostra é que, quando a direita está no poder, preocupa-se mais em cortar e privilegiar pequenos grupos já de si privilegiados, do que propriamente em garantir o aprofundamento dos direitos sociais.  É isso que separa, de resto, a direita da esquerda. 

Portanto… les jeux sont faits. Defender o legado de António Costa e os progressos económicos e sociais com Pedro Nuno Santos, mas também defender a democracia e fazer uma barragem contra as forças antidemocráticas e o seu populismo irresponsável e manipulador.

Paulo Pisco

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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