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Palacete na Covilhã torna-se património cultural

© DR

O Palacete Jardim, na Covilhã, distrito de Castelo Branco, foi classificado como monumento de interesse público, de acordo com um anúncio publicado esta quinta-feira em Diário da República.

No despacho assinado pela secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, destaca-se que o Palacete Jardim se ergue “numa zona nobre da Covilhã, cidade de forte vocação industrial, a meio de uma encosta de declive acentuado com vista privilegiada sobre o cenográfico vale do Zêzere e o conjunto montanhoso da serra da Estrela”.

Mandado edificar na década de 20 do século XX, pelo industrial belga Joseph Bouhon, proprietário de uma das fábricas de lanifícios da cidade, o palacete foi projeto pelo arquiteto Ernesto Korrodi e é considerado o mais emblemático exemplar arquitetónico de Arte Nova da Covilhã.

Segundo a informação, “possui planta irregular, marcada pela disposição de alpendres e varandas salientes, e fachadas dominadas por um elaborado conjunto ornamental de gramática característica, com motivos naturais e linhas sinuosas”.

“Nele se conjugam harmoniosamente materiais como o granito, as cerâmicas, o mármore e o ferro, representados nas fachadas em molduras, varandas, colunas e revestimentos azulejares de grande qualidade, complementados, nos interiores, por ‘boiseries’, pinturas murais e apainelados de evidente interesse decorativo”.

Destaca-se ainda a elevada integridade do programa original, bem como o seu valor enquanto testemunho do longo passado industrial da “Manchester Portuguesa” [como chamavam à Covilhã pelo elevado número de fábricas têxteis que teve], que possibilitou a fixação de uma burguesia abastada, atraída pela linguagem moderna, pelo impacto visual e pela conotação cosmopolita da Arte Nova.

“A classificação do Palacete Jardim reflete os critérios constantes do artigo 17.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, relativos ao caráter matricial do bem, ao génio do respetivo criador, ao interesse do bem como testemunho notável de vivências ou factos históricos, ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua conceção arquitetónica, urbanística e paisagística, e à sua extensão e ao que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva”.

Com a classificação é também fixada a zona especial de proteção (ZEP), que tem “em consideração as particularidades da sua inserção territorial, urbanística e paisagística, nomeadamente a sua envolvente urbana, caracterizada pela proximidade de diversas vias e equipamentos nobres ou com reconhecido interesse patrimonial, e a sua implantação topográfica”.

“A sua fixação teve em conta o edificado e os eixos de via circundantes, bem como a totalidade do contexto espacial, de forma a preservar a fruição da bacia visual na qual o imóvel se integra”.

Através do despacho aponta-se ainda que, no âmbito da instrução do procedimento de fixação da ZEP, a Direção-Geral do Património Cultural, em articulação com a Direção Regional de Cultura do Centro e a Câmara Municipal da Covilhã, procedeu ao estudo das restrições consideradas adequadas, que obtiveram parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura e foram sujeitas a audiência dos interessados.

Em janeiro de 2020, a Câmara da Covilhã já tinha aprovado por unanimidade o parecer favorável para a classificação daquele edifício, que fica no centro da cidade e que é propriedade privada.

Na altura, o presidente do município, Vítor Pereira, explicou a importância do processo para salvaguardar a história e identidade daquele palacete e lamentou que a autarquia não tenha recursos financeiros para comprá-lo.

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