Naquela manhã, os dourados raios de sol faziam as folhas das árvores a brilharem sorridentes.
Havia uma alegria presente no ar que não se podia ver, mas que se sentia na pele, no viço das folhas, no colorido das flores… E em algum canto da mente…
Sentada no banco do passageiro do meu carro, eu olhava o mundo lá fora com olhos de sabedoria… Enquanto meu marido dirigia, sem se dar conta da beleza diáfana que nos envolvia… Mas eu nada perdia…
À nossa frente se estendia a avenida, o trânsito calmo àquela hora do dia.
E os lânguidos olhos verdes do semáforo fitavam a Avenida Epia repleta de veículos multicores, onde pessoas de sonhos também coloridos trafegavam naquela manhã rumo aos seus incógnitos destinos…
O olhar esverdeado do semáforo parecia combinar perfeitamente com a luz do dia, como se fosse a extensão do meu próprio olhar…
E eu sorri para mim mesma, um riso de sonho, como se eu fora outra vez a adolescente sonhadora de outrora…
E pela primeira vez depois de anos de preocupação eu sorri despreocupada, confiante, como se o mundo inteiro me pertencesse… E pela primeira vez tive certeza de que de fato me pertencia…
Sentia-me naquela manhã, sem nenhum motivo aparente, dona da situação. Rsrs
Olhei para trás, para o meu passado incerto, para os meus sonhos perdidos nas curvas dos caminhos que trilhei e um a um, os reencontrei…
E que prazer poder retomar sonhos, reviver alegrias… E mais, poder compartilhar esses sonhos e essas alegrias com aqueles que verdadeiramente me são tão caros…
A menina sonhadora de outrora, hoje também tem uma menina sonhadora…. Tem um menino sonhador…. Tem um marido sonhador… E ainda segue pela vida olhando o mundo através dos olhos verdes do semáforo…
Arádia Raymon