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O que é preciso para reduzir o desperdício de comida?

Milhões de toneladas de comida que podia ser aproveitada vão para o lixo na Europa, uma realidade que industriais da restauração e consumidores podem mudar, defenderam agentes ligados ao setor alimentar.

O vice-presidente da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Rui Sanches, disse à agência Lusa que o setor da restauração está pronto para disseminar o combate ao desperdício, que “é enorme”.

Rui Sanches referiu que resultou com os padrões de higiene e segurança vertidos em lei e fiscalizados pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, a que os restaurantes tiveram de se adaptar, e “hoje, Portugal é um país evoluidíssimo nesse aspeto”.

“Nenhuma empresa de restauração dirá que não quer diminuir o desperdício porque isso tem um impacto económico super-positivo”, disse à Lusa à margem da conferência “Porquê desperdiçar?”, organizada pela embaixada da Finlândia na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Para isso “terá que ser criada uma legislação específica, com uma autoridade competente para auditar e multar, e depois, benefícios fiscais para premiar as melhores práticas e punir as piores”, defendeu.

Rui Sanches afirmou que restauração e consumidores em geral não ganham consciência da importância de se evitar o desperdício por causa da “superabundância” permanente de produtos, que torna irrelevante, por exemplo, a ideia de comprar fruta na sua época.

“Vamos ao supermercado, compramos o que queremos e acabamos por não fazer o planeamento de refeições que podíamos fazer. Há uma industrialização do setor alimentar tão grande que o restaurante ou o consumidor final acaba por não se esforçar muito para poupar ou ter respeito pelo produto”, indicou.

Com o tamanho de Portugal, “um país pequeno onde ‘comer local’ é ‘comer nacional’, e com a “diversidade de hortícolas”, Rui Sanches afirmou que os consumidores e industriais da restauração têm “a vida facilitada” para viverem e lucrarem de forma mais sustentável.

O técnico do Ministério da Agricultura Nuno Manana, membro da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar, disse à Lusa que os números sobre o desperdício em Portugal e nos outros países não são comparáveis, mas que isso mudará para o ano que vem.

“A partir de 2020, todos os países membros da União Europeia estão vinculados pela diretiva sobre resíduos a medir os níveis de desperdício alimentar em cada um dos estágios da cadeia de consumo”, referiu.

Com esses dados “harmonizados e comparáveis”, será possível “perceber onde mudar”, com a certeza de que “a generalidade dos estudos aponta para o setor das famílias” como o que mais desperdiça.

Os números atuais apontam para 88 milhões de toneladas de desperdício de comida por ano na Europa e cerca de um milhão em Portugal.

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