Deambulando por este vale de pedra
como uma alma penada mas ávida
enquanto o príncipe vai fugindo inconsciente
à minha frente, sem sentir o mundo a desabar.
Um crepúsculo de Primavera
como eu não quisera, mas lá fora ter
como um caminho que se abriu a mim,
num destino que não quis.
O céu ainda me comove, mas tento escapar,
o sol ainda me queima, mas recuso que me deflagre
procuro água mas só me enterro ainda mais
neste torrão inóspito que não se deixa fecundar.
Tento apaziguar as lavas e os vulcões,
tento amansar os ventos e os furacões,
recebo no meu colo as águas turvas
e beijo-as para as clarear
agito os dedos no ar e dissipo
as nuvens para que a chuva se afaste.
Mas para que almejo resgatar
uma terra que já não posso herdar?
JLC2003 (do Livro “Poesias de Daniela d’Ávila”)