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O improvável bosque do Alentejo

As 720 árvores transplantadas há 14 anos de uma área submersa pela albufeira de Pedrógão para outra no concelho de Vidigueira, no Alentejo, deram origem ao maior bosque ripícola transplantado em Portugal, foi anunciado.

Em causa está o bosque ao longo de três ribeiras criadas em paralelo à ribeira original de Marmelar, no concelho de Vidigueira, distrito de Beja, explica a promotora do projeto, a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), em comunicado enviado à agência Lusa.

Segundo a EDIA, o bosque foi criado em 2005, quando, antes de começar o enchimento da albufeira de Pedrógão, decidiu transplantar 720 árvores de grande porte, nomeadamente amieiros e freixos, de uma área que iria ficar e já está submersa para outra não inundada a montante na ribeira de Marmelar.

A empresa refere que decidiu fazer “um transplante massivo de árvores ripícolas” e criar “o maior bosque ripícola transplantado em Portugal”, porque a área ocupada pela albufeira de Pedrógão, que é contraembalse da barragem de Alqueva, é “uma zona de elevado valor ambiental”.

Atualmente, no bosque criado, “existe uma galeria ripícola frondosa”, frisa a EDIA, considerando a intervenção “um êxito”.

A intervenção teve como principais objetivos minimizar o impacte ambiental, preservar o património genético das árvores ripícolas transplantadas e proporcionar uma zona de abrigo para a fauna local.

Segundo explicou David Catita, da EDIA, num vídeo sobre o projeto divulgado pela empresa, as 720 árvores foram retiradas do solo onde estavam originalmente e transportadas para a nova zona onde foram replantadas.

“Com a devida manutenção”, os 720 exemplares adaptaram-se ao novo local e, atualmente, “são árvores plenas” e, por isso, o seu património genético “não se perdeu e continua a exercer a sua função”, refere o responsável.

Antes da intervenção, lembra David Catita, a ribeira de Marmelar tinha, na zona submersa, uma “incrível, grande e frondosa” galeria ripícola com amieiros e freixos, ou seja, uma zona de árvores que faz sombra à água para que não aqueça e permita que espécies permaneçam lá no verão.

Como a zona onde estava a galeria ripícola iria ficar submersa pela albufeira de Pedrógão e as árvores iriam “inevitavelmente morrer”, a EDIA criou três ribeiras paralelas à ribeira original de Marmelar, onde as 720 árvores foram replantadas numa outra zona a montante e fora de água para “robustecer” a ribeira que já existia, mas era “relativamente fina”.

Atualmente, existe um bosque ripícola na cabeceira de Marmelar, que permite que a ribeira “não seja apenas uma linha”, mas sim uma zona capaz de receber uma cheia e “suportar o que deve ser uma linha de água”, ou seja, “uma zona larga com árvores e bosques ripícolas”, explica David Catita.

Graças à intervenção, atualmente, Marmelar é uma ribeira “viva e larga” e “muito mais forte do que era”, o que lhe “permite não só desempenhar as suas funções em termos hidráulicos, mas também em termos naturais, ao criar abrigos para a fauna”.

A EDIA também criou o maior bosque ripícola de Portugal plantado pelo homem, numa área com 200 hectares contínuos situada ao longo das margens do rio Ardila, atual albufeira de Pedrógão, no concelho de Moura, distrito de Beja.

Este bosque tem 800 metros de largura e é composto por 65 mil árvores de três espécies ripícolas autóctones, nomeadamente choupos, freixos e lódãos, que a EDIA plantou há 15 anos junto ao rio Ardila para compensar as retiradas da área submersa pela albufeira de Pedrógão.

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