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O Gato de Schrödinger e o retrato de Jesus: paradoxos e fascínio

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A fascinação pelo gato de Schrödinger não é apenas um capricho dos físicos teóricos; é uma janela para o entendimento mais profundo da natureza da existência. Tal como o retrato de Jesus, que existe e não existe simultaneamente na imaginação coletiva, o gato de Schrödinger nos confronta com a realidade de que a vida e a morte, a existência e a ausência, são estados que podem coabitar de forma paradoxal.

Na experiência de Schrödinger, um gato é colocado em uma caixa fechada com um mecanismo que pode matar o gato dependendo do decaimento de uma partícula radioativa. Enquanto a caixa permanece fechada, o gato está simultaneamente vivo e morto, segundo a interpretação de Copenhague da mecânica quântica. Este paradoxo desafia nossa compreensão clássica da realidade e sugere que o ato de observar é o que determina o estado final do sistema. A realidade não é fixa, mas sim uma tapeçaria em constante formação, tecida pela observação e pela medição.

Assim como a mecânica quântica redefine a noção de ser e existir, também as nossas percepções sobre a vida após a morte e a presença são reavaliadas. A ideia de que a consciência pode continuar após a morte é semelhante à superposição quântica; a vida não cessa de existir, mas se transforma, mantendo uma presença em um estado que não podemos medir ou observar diretamente.

O que significa, então, existir no tempo? Para estar presente, não basta apenas estar fisicamente no espaço; é necessário estar consciente e engajado no momento presente. A física moderna nos mostra que o tempo é relativo e que a nossa percepção dele é subjetiva. Experimentos como a dilatação temporal, onde o tempo desacelera para um objeto em movimento rápido em relação a um observador estacionário, demonstram que o tempo não é uma constante universal, mas uma variável dependente da experiência.

As técnicas científicas modernas, como a utilização de colisionadores de partículas e telescópios que captam radiação cósmica de fundo, nos permitem sondar os mistérios do universo com uma precisão sem precedentes. No entanto, quanto mais descobrimos, mais percebemos o quão pouco realmente entendemos. O modelo padrão da física, embora poderoso, deixa muitas perguntas sem resposta, especialmente quando se trata de unificar a gravidade com as outras forças fundamentais.

A filosofia, por sua vez, acompanha essas descobertas científicas, oferecendo perspectivas sobre o significado da vida, da morte e da existência. A noção heideggeriana de “ser-para-a-morte” nos convida a refletir sobre nossa finitude e a encontrar autenticidade na nossa existência temporária. A ideia de que a nossa essência precede a nossa existência, proposta por Sartre, sugere que somos responsáveis por criar significado em nossas vidas através das nossas ações e escolhas.

No final das contas, o fascínio pelo gato de Schrödinger e pelo retrato de Jesus que existe e não existe reside na nossa busca incessante por compreender a realidade e o nosso lugar nela. Eles são símbolos de nossa curiosidade e do desejo de reconciliar os paradoxos da existência. A ciência e a filosofia juntas nos fornecem as ferramentas para explorar esses mistérios, nos levando cada vez mais perto de uma compreensão que, embora talvez nunca completa, é infinitamente rica e profundamente humana.

Daniel Alexandre

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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