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Notícias do meu país 

Digam-me como anda o meu país
O que por lá se faz
O que por lá se diz
Um passo para a frente, dois para trás
Sempre a lutar, à procura de ser feliz
O pobre trabalha e o dinheiro chega, por um triz

Digam-me qual o estado da nação
Se há mais esperança para a juventude
Se morrem os velhos, esquecidos em solidão
Se continua doente a saúde
Se quem manda, mente e é aldrabão
A justiça para uns é cega, para a maioria, não

Digam-me…que outras vozes se sobrepõem
Às que para sempre se calaram
Vivas, recordo-as, e como doem
Foram-se embora e não mais voltaram
Onde estão essas vozes, que recordo com saudade
Onde estão as vozes da contestação e da verdade

Digam-me o que mudou
Desde o dia em que eu parti
Não foram só as vozes que o tempo calou
Tudo o que com a minha ausência eu perdi
Todo o tempo que convosco não vivi e se perdeu
Estou bem longe, mas o país também é meu

Digam-me noticias do meu país
O que por lá se faz, o que por lá se diz
Digam-me, será que vou, ou fico?
Continuam a usar aquela capa que encobre
O rico, que fica cada vez mais rico
E o pobre, cada vez mais pobre?

Digam-me, continuam a dar o mesmo valor
A quem, com anos de sacrifício e estudo
Conquista o direito de ser doutor
Porque mereceu o canudo
Ou continua o fato e gravata para inglês ver
A dar o título de doutor, a quem não sabe escrever?

Digam-me notícias do meu país
Já sei o que por lá se faz
Já sei o que por lá se diz
A luta é constante porque o dinheiro é fugaz
Foge o mês inteiro e nunca há nade que sobre
É feliz quem é rico, e alegre, só quem é pobre.

António Magalhaes

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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