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Mitos urbanos

Certamente que todos se recordam que em 2013 e 2014, as autoridades luxemburguesas arrogaram-se o direito de dizer publicamente que o Luxemburgo não podia acolher mais portugueses, o próprio PM Bettel, pedia ao PM Passos Coelho, que dissuadisse os portugueses de emigrar para o Luxemburgo.

Em 2013, dizia o Ministro do Trabalho Schmit a um canal de televisão português, que só nesse ano tinham chegado ao Luxemburgo mais de 6.000 almas lusas.

Podemos estar de acordo que o mercado de trabalho já não é o que era, há problemas estruturais como a habitação, o ensino, que colocam problemas aos recém-chegados. Podemos estar de acordo que uma comunidade com mais de 100.000 pessoas pode ser difícil de gerir do ponto de vista sociológico. Podemos estar de acordo que os desempregados são na maioria portugueses ou de origem portuguesa.

Ouvimos constantemente que os portugueses não se integram, que não participam, que os alunos de origem portuguesa têm dificuldades na escola, que os pais descuidam o acompanhamento dos filhos…

Ouvimos constantemente que os portugueses vivem em comunidade, evitando sempre a palavra ghetto, mas dando a entender o seu significado.

Mas depois de uma análise dos factos, ficamos com algumas dúvidas, que gostaríamos de ver esclarecidas.

1 – Segundo os dados do STATEC, em 2013, chegaram só 2.715 portugueses, Segundo os dados avançados pelo Ministro, onde estão os 3.285 que faltam?

2 – Segundo a ADEM foram criados milhares de postos de trabalho e que não se encontram trabalhadores para os ocupar, Afinal há ou não mercado de trabalho?

3 – Segundo o STATEC a comunidade portuguesa bateu recordes na questão da naturalização, será que isto não é integração?

4 – Nesta época mais festiva, vimos os eventos organizados por entidades luxemburguesas, cheios de portugueses, nomeadamente animando, assando sardinha, e “carregando cadeiras”, contrariamente, nos eventos portugueses raramente se vêm luxemburgueses, e quando se vêm são políticos que vêm ao discurso de abertura e com a desculpa de outros compromissos saiem à “francesa”. Afinal quem é que vive em comunidade?

5 – Segundo o ILRES, cerca de 80% dos portugueses desejavam votar nas eleições legislativas luxemburguesas, mas o tão famigerado referendo, negou-lhes esse direito. Afinal, quem é que não quer participar, ou melhor que não quer que participem?

Estas e muitas outras questões de sociedade, mereciam um mais amplo debate no Luxemburgo, e as autoridades diplomáticas e politicas portugueses deviam estar mais atentas, mas enquanto isso, continuamos reclamar em conversas de café e a discutir nos corredores do poder, pois o povo anda entretido com coisas mais interessantes, como novelas, futebol e agora que se aproximam, as férias.

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