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Mater Aeterna

Nunca levantes a voz à tua mãe, a não ser que, com o peso da idade ela já não te ouça muito bem, porque tu e a tua voz já não são tão vigorosos como eram.

Não digas mal da tua mãe, nem que seja só em pensamento. Lembra-te que foi ela quem te deu vida, e só ela te conhece bem, por dentro e por fora. Talvez não saiba sempre o que fazes, mas sabe o que pensas.

Não te aborreças quando ela te repete a mesma coisa que te havia dito há uns minutos. Não é porque ela já se vai esquecendo um pouco das coisas, mas antes porque ela sabe o quanto és distraído, e por isso quer ter a certeza de que percebes tudo o que ela te diz.

Abranda o passo quando caminhares ao lado dela, e não mostres sequer uma ponta de impaciência só porque estás com pressa e tens a tua vida. Quando destes os teus primeiros passos foi ela que te amparou. Foi ela que te levantou sempre que caías, e que te encorajou a continuar. Caminha devagar ao seu lado pois se caíres ela pode já não ter força para te levantar.

Também ela teve a sua vida, e quantas vezes se esqueceu de a viver para que tu pudesses continuar a tua.

Não guardes nem uma ponta de rancor pelos dias menos bons em que discordaste de algumas das suas atitudes, porque o único guia que uma mãe tem para educar os seus filhos é o amor incondicional, e em matéria de amor sabes como é complicado entender a sua razão. Talvez que no amor não haja razão, e o amor de mãe tem muito mais na sua essência do que possas imaginar, ou mesmo entender.

Não abandones a tua mãe, nem quando por circunstâncias da vida, estás longe dela. Se a tiveres no coração estás sempre por perto, porque ela, estejas onde estiveres tem-te sempre no seu coração.

Lembra-te de quem te carregou durante meses, e suportou todas as dores e inconveniências da violência do parto, as más disposições, e até as pequenas alegrias. Lembra-te da tua família, aquela que tu mesmo criaste. Se não fosse a tua mãe, não terias essa família, mas a família teria outro, ou outra, no lugar que por nunca teres nascido, também nunca te pertenceu. 

Lembra-te que as rugas que agora vês no rosto da tua mãe, são o mapa do muito sofrimento das vezes que se preocupou contigo, sem o saberes. Mesmo quando achaste que não havia razões para tanta preocupação. Só ela te pode ler nas entrelinhas da vida e das suas vicissitudes. Todas as pegadas mais profundas da tua caminhada, não são tuas, mas são antes, dela, quando te carregou ao colo, para que não ficasses pelo caminho.

E se a tua mãe agora chora mais amiúde, se se emociona com as coisas mais banais do dia a dia, não penses que o faz por nada. Há um sentimento chamado saudade, todos o temos, mas as mães sentem-no com muito mais intensidade, e só as Oliveiras podem viver por alguns milhares de anos, se as deixarem.

Não sei se falo aqui por todas as mães do mundo.

Nem só a mãe que deu à luz é a verdadeira mãe, mas sim a que criou, amou, aconselhou, protegeu e sofreu, e esteve sempre do teu lado.

A minha fez tudo isso e muito mais, além de ser ela também a que me deu a vida.

E completou muito recentemente 90 anos de idade.

Obrigada, mãe, eterna, e parabéns.

António Magalhães 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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