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Linhas brancas

Desviando-me um pouco do que costumo escrever por aqui, sem realmente o fazer, decidi hoje trazer a minha reflexão e opinião mais profunda sobre a série que acabo de ver. Chamo-lhe “linhas brancas” e não “white lines” pois na minha opinião o melhor da série é mesmo o grande Nuno Lopes no seu papelão de mauzão que desde o início não consegue outra coisa senão que simpatizemos com ele. É irónico como alguém no meio de tanta violência, drogas e mais ilegalidades consegue desde o primeiro momento anular toda essa escuridão e a ela se sobrepor um homem  bom, meigo e que sabe cuidar.

Por outro lado temos Zoe interpretada por Laura Haddok. Zoe é uma mulher amargurada por acontecimentos passados que apenas quer saber o aconteceu com o irmão há 20 anos. Vê a sua vida ser cancelada por não saber ao certo quem é. Vive uma vida que não parece fazê-la feliz. Vai sobrevivendo mas até chegar a Ibiza não sabe o que realmente é ser livre, ter vontade própria e pisar a linha (claro que na série esta parte é levada ao extremo como não podia deixar de ser).

Quando vejo uma série ou um filme gosto sempre de refletir para além do que me é proposto. Qual o significado do título, qual a verdadeira mensagem ou pelo que mensagem posso eu retirar dali.

Como tal para além de “White Lines” ser superficial em alguns aspetos e talvez se tratar apenas de um mistério/suspense com muita extravagância à mistura (o que já seria motivo suficiente para me agarrar até ao fim), prendeu-me a pensamentos mais densos.

Linhas brancas, ah claro, bom título para 10 episódios em que uma das principais temáticas é a droga. Eu mergulhei mais fundo.

Quando somos crianças passamos a vida a ouvir dizer que “estás a passar das marcas!..”, quando vamos na estrada sabemos que não podemos passar a linha. Pisar a linha significa muitas vezes ficar à margem e ultrapassar o permitido. Vivemos cheios de limites impostos por nós e pelos outros. Mas serão todos os limites impostos por nós necessários? Quem nunca ultrapassou os limites por alguém ou por algo que desejava? Fará isso de nós más pessoas e imprudentes? Podemos nós afinal de contas viver toda a vida contidos de um lado da estrada? Podemos equilibra-la e atravessar as nossas próprias linhas? Talvez nunca saibamos o que está certo e errado. A linha que os separa é tão ténue que nos pode confundir. Talvez se funda e no final convirja num único ponto.

Quem sabe se a ideia não será mesmo essa. Ter de sair dos limites impostos. Ninguém consegue andar em cima de uma linha reta sem por vezes perder o equilíbrio e pender-se para um dos lados. Quem me diz que não será esse o verdadeiro segredo do nosso equilíbrio?

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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