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Liderar, a arte de servir o outro

Atualmente somos cônscios de que vivemos numa altura em que nos são solicitadas respostas urgentes para questões ambientais, sociais, políticas e económicas. Perante esses desafios, os líderes nas instituições, nas empresas, na política, precisam desenvolver competências sociais e emocionais específicas, muitas vezes subestimadas, para nos poderem guiar por um novo caminho, já que eles possuem o conhecimento, as competências técnicas e a experiência para isso. Aqui partilho três dessas competências, que através do meu trabalho com gestores de empresas, os apoio a desenvolvê-las.

#Trabalhar para as pessoas

Há uma necessidade intrínseca do ser humano denominada Pertença. Gostamos de estabelecer relações, criar vínculos, de nos sentir parte e ser parte ativa num coletivo, seja esse de amigos, família, cidade, empresa. Quando me sinto parte ativa, sinto-me responsável, agente e beneficiário dos comportamentos e dos acontecimentos dentro dessa coletividade. Para que esse sentimento de pertença seja sentido pelos colaboradores na empresa é necessário confiança. Quando sei que conto com quem me lidera, que o meu líder me apoia a desenvolver autoconfiança e eu confio nele, eu sou mais capaz de decidir, de me esforçar numa tarefa, de produzir mais e melhor. A confiança é o que nos guia a agir juntos e apoiarmo-nos. Só posso ter um casamento duradouro e feliz se a confiança estiver na base da relação. E o mesmo ocorre entre o colaborador, o líder e a empresa quando há mútua confiança. Quando o colaborador constata que estão no mesmo barco para o bem e para o mal, que lutam para o bem comum, ele estará mais motivado, e alcançará mais do que se pode imaginar. Ao contrário, o sentimento de não pertença e de desconfiança, leva a insatisfação, desmotivação, baixa produtividade e aumento do turnover nas empresas. Mas, para valorizar e despertar o potencial de cada colaborador, o líder precisa resgatar a confiança desse na empresa, e desenvolver sua autoconfiança.

#Gerar um Ambiente Saudável

Depressão e ansiedade têm um impacto económico significativo. O custo estimado para a economia global é de US $ 1 trilhão por ano em produtividade perdida, de acordo a Organização Mundial de Saúde. Na folha informativa de Maio deste ano, a OMS apontou que há muitos fatores de risco para a saúde mental que estão presentes no ambiente de trabalho, como más práticas de comunicação e gestão, participação limitada dos trabalhadores na tomada de decisões ou baixo controle sobre a área de trabalho, horas de trabalho inflexíveis, tarefas ou objetivos organizacionais pouco claros,  baixos níveis de apoio aos funcionários. Um ambiente de stress, pressão, concorrência interna, sentimento de desvalorização da função, insegurança, desrespeito, entre outros fatores, geram um ambiente enfermo, o qual por sua vez, gera baixa produtividade, alto custo, saída de bons e competentes trabalhadores, baixa criatividade e engajamento, entre outros aspectos.

Quando um líder cria um ambiente cooperativo, de desenvolvimento das competências dos colaboradores, de incentivo ao crescimento interior e fortalecimento do talento de cada um, de valorização da função, e de respeito, os colaboradores sentem que a organização os vê, que se preocupa com eles como seres humanos, e o que emerge é a lealdade. Trabalhadores leais oferecem suor e lágrimas para a organização.

#Guiar para um Propósito Maior

Ser capaz de inspirar pessoas para uma grande causa, requer que o líder tenha visão para onde levar a equipa, e para isso é necessário que a empresa tenha um propósito que não seja o aumento de lucro, o atingimento de objetivos financeiros, mas antes, como a empresa contribui para a sociedade, para o planeta de forma sustentável em termos ecológicos, e o que ela cria para o futuro. Como o líder pode inspirar sua equipa para uma visão e contribuição maior, num sistema cujo objetivo último é o lucro, custe o que custar, faça o que fizer? Estudos apontam que os liderados que sabem que contribuem para um propósito maior, são mais engajados e motivados. A geração dos Millennials estão mais interessados em ficar numa empresa que tenha um propósito mais amplo que o valor financeiro. Segundo pesquisa da PwC, empresas que possuem verdadeiros propósitos são 5.3 vezes mais eficazes em reter os Millennials, numa altura que se debate sobre essa questão.

Quando um funcionário entende que há um propósito que vai além do financeiro, que impacta a vida de outros seres humanos e do planeta, ele é mais engajado na empresa.

Quais dessas competências para si, é a mais desafiadora?

Karina M. Kimmig é cocriadora da MORE Humanistic Methodology, autora, blogger, general manager MORE Institute GmbH, Presidente de associações internacionais, e referência internacional em desenvolvimento humano. Mais:https://more-institute.com/

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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