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Inquietante indiferença

Às vezes saio de casa desanimado, porque não tenho tanto dinheiro quanto gostaria, porque desperdicei a oportunidade única de estar ao lado da pessoa de quem gosto, porque a marca a que enviei email não respondeu, porque o CarZoom não tem tantas visualizações como eu gostaria que tivesse e porque os clientes no trabalho são chatos.

Neste meu momento de sanidade mental, paro para pensar…

“Como se sentirá um jovem de 20 anos na Siria?”

“Como se sentirá um pai de filhos no Darfur?”

“Como se sente uma pessoa com uma doença grave?”

“Como se sente uma prostituta?”

“Como se sente um toxicodependente?”

É nestas alturas em que a minha ignorância e a minha indiferença, que surge todos os dias quando saio de casa, me deixa realmente inquieto.
É um agarramento ao “eu”, é uma ignorância que não tem limites. Talvez seja pressionado pela minha vontade de ir mais longe? Talvez seja uma “banalização” da verdadeira realidade? Ou ignorância de quem nasce num “pais desenvolvido”?

Porque é que não aprendemos a agradecer o facto de termos nascido em Portugal?

Porque é que não agradecemos o facto de termos trabalho e de aturar-mos clientes chatos, ou o simples facto de termos saúde para
trabalhar, ou de termos um controlo suficiente da nossa mente para podermos controlar a nossa fala e as nossas acções. Sim! Nem toda a gente tem! Pessoas com demência, pessoas com alzeihmer, pessoas com esquizofrenia. É! Elas existem, simplesmente estamos-nos nas tintas para elas. Estamos-nos nas tintas para tudo o que não seja “nosso”, para tudo o que não seja “eu”.

Na realidade, o que acabei de escrever não interessa para rigorosamente nada, amanha é outro dia, amanha haverá outra preocupação que me irá deixar chateado, amanha continuam a haver pessoas com problemas realmente graves a serem desprezadas por mim e por vocês.

Esta é a realidade de quem nasce em Portugal ou num pais considerado “desenvolvido”. É uma indiferença inquietante… É uma realidade que não choca… Porque, não é a nossa realidade… Ainda…

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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