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Hotel Timor é palco para novo romance de Luís Cardoso

O escritor timorense radicado em Portugal Luís Cardoso prepara um novo romance, cujo enredo tem como palco central o Hotel Timor, revelou o autor, em entrevista à agência Lusa.

“Todo o enredo do livro tem a ver com a situação que se vive em Timor e como os escritores têm todos uma paixão pelos hotéis. Em Timor-Leste, há um hotel muito importante que se chama Hotel Timor, daí ter como referência este meu novo trabalho”, explicou o autor de “O Plantador de Abóboras”, com o qual venceu a mais recente edição do prémio Oceanos.

A revelação foi feita pelo escritor à margem de uma palestra que decorreu na Biblioteca Municipal de Mogadouro, no distrito de Bragança, e que juntou professores e alunos do agrupamento de escolas local.

À Lusa, Luís Cardoso disse que este trabalho ainda não tem data prevista para publicação, realçando que o seu novo romance “sai quando tiver de sair”.

O escritor lembrou que todos os seus romances falam de Timor-Leste, “partindo sempre de um facto histórico”.

“Perante este facto histórico tento sempre desenvolver um enredo que tenha a ver com um determinado enredo relativamente a um acontecimento em Timor-Leste. A título de exemplo: falo sobre a Segunda Guerra Mundial, falo sobre atual situação em Timor e guerras que tiveram lugar em Timor”, disse.

Questionado pela Lusa sobre a importância da língua portuguesa no espaço lusófono e no mundo, Luís Cardoso disse que o português é um património comum, não é só de Portugal.

“Eu costumo dizer que a língua portuguesa é o oceano que nos une. Contudo, vamos falando a língua portuguesa de diferentes formas. Aqui fala-se o português de Portugal e nós falamos o português de Timor-Leste e ao apropriamo-nos desta língua fazemos a nossa união”, vincou o romancista, lembrando a prevalência do tétum em Timor-Leste.

Luís Cardoso vincou que a língua portuguesa tem grandes capacidades para se afirmar no mundo, salientando que há grandes escritores a trabalhar sobre este idioma.

“A língua portuguesa tem uma dimensão universal havendo muitas pessoas que através destes escritores e os que eles representam e vêm à procura deste país [Portugal]. Não nos podemos esquecer que temos um Prémio Nobel de Literatura [José Saramago]. Não só um prémio de Portugal, mas um prémio da língua portuguesa. Portanto, nós partilhamos esse prémio Nobel”, vincou.

Sobre a situação no seu país de origem, Luís Cardoso salientou que Timor-Leste “está pacífico”, mas que “algumas convulsões” se devem ao facto de ser uma democracia ainda jovem.

“Em Portugal, o regime democrático está consolidado. E num país como o nosso, que só tem 20 anos, as convulsões têm outra dimensão. A democracia constrói-se e Portugal já está numa dimensão da democracia bem consolidada, nós ainda não, estamos a iniciar”, observou.

Da mesma maneira que a democracia timorense é um projeto a germinar, também a literatura do país se está a desenvolver, num país com uma vertente oral muito rica.

“O que nós muitas vezes fazemos é ir buscar a tradição oral e trazê-la para a escrita”, enfatizou o romancista.

Luís Cardoso nasceu em Kailako, no interior de Timor-Leste, que aparece por diversas vezes referenciada nos seus romances.

É autor de romances como “Crónica de Uma Travessia” (1997), “Olhos de Coruja Olhos de Gato Bravo” (2001), “A Última Morte do Coronel Santiago” (2003), “Requiem para o Navegador Solitário” (2007) e “O ano em que Pigafetta completou a circum-navegação” (2013).

Com a sua mais recente obra, “O Plantador de Abóboras”, tornou-se no primeiro escritor timorense a vencer o prémio literário Oceanos.

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