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Fugas de informação enfraquecem política monetária do BCE

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O BCE afirma que as fugas de informação de fontes anónimas sobre a política monetária levam o mercado na direção errada, “são frequentes e têm um impacto considerável nos mercados financeiros, independentemente de ocorrerem antes ou depois” das reuniões.

Os economistas do BCE investigaram 368 fugas de informação de fontes anónimas para a Reuters, Bloomberg e Markets News entre 2002 e 2021, num relatório publicado hoje.

Os economistas do BCE também estão surpreendidos porque acreditam que “geralmente não fornecem informações fiáveis sobre as próximas decisões de política monetária”.

“As fugas de informação após as reuniões (do Conselho do BCE) podem enfraquecer os efeitos dos anúncios oficiais de política monetária do BCE”, afirmam os economistas do supervisor.

Depois da conferência de imprensa, os OIS (Overnight Index Swap) permanecem estáveis ou mantêm a tendência observada após o anúncio das decisões de política monetária, e as declarações atribuídas (pelos membros do Conselho do BCE) pouco depois da conferência de imprensa tendem a reforçar esta tendência.

Um OIS é um ‘swap’ (permuta financeira) de taxas de juro em que os pagamentos diários de uma taxa de referência ‘overnight’ – como a taxa dos fundos federais diária efetiva da Fed ou a taxa interbancária de oferta overnight da zona euro (€STR) – são trocados por uma taxa de juro fixa durante a vigência do contrato.

Mas as fugas movem as taxas na direção oposta à da política monetária.

As fugas não atribuídas foram reduzidas desde 2020, em comparação com anos anteriores, e a pandemia criou menos desacordos no Conselho do BCE sobre as medidas necessárias.

Mas, apesar desta diminuição, os economistas do BCE aconselham os participantes no mercado a ignorá-las na maioria dos casos.

Estas fugas “procuram contrariar as tendências prevalecentes nas taxas de juro de curto prazo e podem desencadear reações importantes do mercado, mesmo que não sejam informativas sobre as decisões futuras”, alertam os economistas do BCE.

As fugas de informação sobre taxas tentam deslocar estas taxas para taxas de juro de curto prazo, até dois anos, enquanto as fugas de informação sobre medidas de política monetária não convencionais deslocam as taxas de juro de prazos mais longos.

O diferencial das OIS em relação a outras taxas de juro é considerado uma medida importante do risco e da liquidez de um mercado e ajuda a avaliar a tensão nos mercados monetários.

As fugas de informação anónimas desencadearam movimentos entre 60% e 95% superiores ao normal e entre 15% e 30% superiores ao efeito médio das declarações públicas dos membros do Conselho do BCE, afirma o BCE.

Nos primeiros anos da política monetária do BCE, as fugas de informação ocorreram quase exclusivamente antes das reuniões do Conselho do BCE.

Além disso, a análise dos economistas do BCE revela que as fugas de informação são mais frequentes quando o debate sobre a política monetária “é mais controverso”, ou seja, quando existem grandes divergências entre os membros do Conselho do BCE.

As declarações atribuídas do Conselho do BCE podem atenuar parte do impacto destas fugas de informação, que refletem opiniões minoritárias e “simplesmente acrescentam ruído ao debate e volatilidade aos mercados”, segundo a instituição.

A Reserva Federal (Fed) tem uma comunicação diferente da do BCE e os seus membros comunicam publicamente as suas divergências sem que isso constitua um problema.

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