França, Bélgica e Alemanha já têm acesso ao “tesouro” de Rui Pinto
O conteúdo de todos os discos externos que o Ministério Público português confiscou a Rui Pinto, depois de ele ter sido preso em Budapeste, na Hungria, em janeiro de 2019, estão agora também disponíveis para pesquisas e análises por procuradores em França, Bélgica e Alemanha e a imprensa belga descreve os dados como “um tesouro”.
O whistleblower português conhecido pelas revelações do Football Leaks e do Luanda Leaks foi esta semana a Paris para reunir com procuradores franceses, belgas e alemães, numa iniciativa coordenada entre o Ministério Público francês e a Eurojust, a Agência da União Europeia para a Cooperação Judiciária Penal.
Num encontro que decorreu terça e quarta-feira nas instalações do Gabinete Central de Luta contra a Corrupção e as Infrações Financeiras e Fiscais (OCLCIFF) da Polícia Judiciária, em Nanterre, nos arredores de Paris, Rui Pinto visitou o departamento de informática, sentou-se em frente a seis computadores e introduziu a palavra-chave que desencriptou todo o acervo contido nos discos externos que tinham sido apreendidos em sua casa na Hungria, quando foi detido no âmbito de um processo-crime em Portugal pelo qual era procurado, por suspeitas de crimes de extorsão na forma tentada, violação de correspondência e acesso ilegítimo, na sequência de uma queixa apresentada por um empresário de futebol, Nélio Lucas — e pelo qual foi condenado, em setembro de 2023, a uma pena suspensa de quatro anos de prisão.
Segundo o jornal belga, Le Soir, Rui Pinto sentou-se em frente a seis computadores, nos quais os investigadores guardavam cópias de discos rígidos encriptados apreendidos durante uma busca à sua casa em Budapeste.
“Em seguida, digitou as senhas que davam acesso ao seu tesouro: cerca de 20 terabytes de dados, que continham dezenas de milhões de documentos confidenciais sobre os obscuros bastidores dos negócios do futebol e muito mais”, escreve aquele periódico belga.