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Festejou 100 anos no hospital com covid-19 e já está em casa

Luciano Marques da Silva fez 100 anos no dia 31 de março, foi infetado com covis-19, debelou o vírus e, na semana passada, ao fim de dez dias de internament no Hospital de São João no Porto, recebeu alta, estando prestes a integrar a lista dos recuperados desta pandemia.

Resistir ao coronavírus aos 100 anos de idade é um feito que contraria a elevada taxa de letalidade do vírus que, nas pessoas acima dos 70 anos, já ultrapassa os 10%, segundo os últimos dados oficiais.

“Ele é muito cuidado, orientado, colaborante e autónomo nas actividades da vida diária. Não fosse o oxigénio, estaria de pé. Esperamos dar-lhe alta a muito curto prazo”, explica, desde o corredor, a enfermeira-chefe Marlene Teixeira, apontando este caso como “um caso de superação”.

A filha, Maria José, contou ao jornal Público o susto que apanhou quando, no dia 24 de março, pediu que uma ambulância transportasse o seu pai até ao hospital. “Ele andava com tosse, primeiro seca e depois com muita expetoração, e eu comecei a ficar com febre que não se resolvia como Ben-u-ron. Quando eu e o meu marido fizemos o teste, o resultado foi positivo para a covid-19. Foi aí que percebi que a tosse do meu pai também devia estar relacionada com isso.”

Nesse dia, Maria José fez das fraquezas força. “Tive medo que fosse tarde. Mas nunca lhe mostrei o medo que senti – nem ele a mim. Disse-lhe só que no hospital seria mais fácil cuidarem dele, sabendo, contudo, que, apesar de ele ser muito resistente e lutador, é impossível vencer as guerras todas”.

No Serviço de Infecciologia do hospital, quando um médico lhe perguntou o segredo para se manter tão saudável, a resposta ajudou a desanuviar um local onde vários infetados estão a lutar pela vida: “O segredo? Foi ter enviuvado há 40 anos”, terá retorquido.

Ao final da tarde de sexta-feira, Luciano voltou para casa. “Ainda está a fazer oxigénio e sinto-o mais frágil: emociona-se com facilidade”, conta a filha. Dentro de dias, se tudo correr bem, Luciano deverá poder voltar aos seus jogos de damas. “São casos como este que nos dão força para continuar a lutar nesta guerra”, conclui a enfermeira Marlene Teixeira, reforçando, neste contexto de pandemia, aquilo que a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, quis sublinhar também: “Não é nenhuma fatalidade ser idoso e ter doenças. É apenas um aumento do risco.”

 

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