Assim a luz e o azul do dia tropeçam e fenecem
na minha pele. Nos meus lábios os lírios
e os narcisos ramalhando. E os ocasos empíreos
que serôdios mas belos se esvanecem.
Há quanto tempo realmente não sonho?
Quis tanto tantas coisas que nunca precisei
verdadeiramente. O meu coração nem belo nem medonho
nunca foi o que ousou. Eu sequer nunca tentei.
Fui a que foi deixando e ficando
grávida de advérbios, gerúndios, palavras delicadas
indolente, inane e sempre postergando
sem me deter nem demorar nas escadas
atravessei os patamares apenas sobrevoando.
Ser filha ou outra coisa qualquer
ser mãe ou outra coisa qualquer
ser mulher ou outra qualquer?
Onde são esses porvires radiosos que arquitectei,
chegar a minha casa? Nunca cheguei!
Daniela d’Ávila