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Despedimentos preocupam portugueses em Andorra

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Os portugueses em Andorra, que trabalham essencialmente na construção e na restauração, estão a ser fortemente afetados pelo fecho do comércio decretado pelo Governo e receiam uma onda de despedimentos, embora concordem com as medidas contra a codiv-19.

Há 35 anos em Andorra, país localizado entre França e Espanha e onde vivem 81.748 pessoas, das quais 11,3% são portugueses, António Cerqueira vive angustiado com o futuro do seu restaurante, que abriu há 24 anos.

Depois de ultrapassar a “grande crise” de 2008, o negócio até “ia muito bem”. Mas depois chegou o novo coronavírus e o confinamento imposto pelo Governo que deixou em casa os quatro empregados, a quem o empresário português pagou o mês de trabalho.

Comerciantes como António Cerqueira aguardam por apoios do Governo de Andorra que, para já, apenas anunciou empréstimos sem juros e ameaçou as empresas de que não as apoiará se despedirem funcionários.

Este português diz que a maioria dos restaurantes de portugueses, que emprega cidadãos da mesma nacionalidade, receia ter de fechar as portas se a situação se mantiver por muitos meses, pois não tem margem para pagar ordenados sem fazer negócio.

Semelhante apreensão tem José Costa, dono de cinco empresas nos ramos da construção, têxtil e limpeza. O ginásio que possui em casa tem ajudado a passar o tempo, mas nem a atividade física o afasta das preocupações, nomeadamente com os 320 empregados – dos quais 300 portugueses – a quem este mês pagou o ordenado, já com as empresas fechadas.

“É uma loucura”, disse à Lusa, afirmando que “são muitos os gastos” e que, para já, o Governo “apenas dá uma ajuda que é um crédito”.

“Fomos obrigados a fechar dia 20. Parece que vai durar mais um mês e a pagar sempre aos trabalhadores. Terei de avaliar a situação”, referiu, lamentando as previsões de que se fala no país do fecho de cinco a 10 por cento das empresas, nomeadamente na área da construção e hotelaria.

Por estes dias, as tecnologias de informação são a ferramenta mais preciosa da comunidade portuguesa em Andorra que, habituada a matar as saudades por este meio, tenta assim suportar o confinamento enquanto estão adiadas as atividades que recordam o país de origem.

É o caso do grupo de folclore Casa de Portugal que conta já com 24 anos de existência, um aniversário suja comemoração foi adiada devido à pandemia do novo coronavírus, como disse à Lusa o seu diretor artístico, José Luís Carvalho.

Este português que vive em Andorra há 30 anos trabalha no setor dos seguros e há três semanas que desenvolve a sua atividade em tele-trabalho, tal como a mulher.

José Luís Carvalho concorda com as medidas e garante que as está a seguir, embora a sua preocupação vá para os outros portugueses que estão a ser impedidos de trabalhar.

Com 370 casos da codiv-19 e oito mortos, Andorra conta apenas com um hospital e por isso os cidadãos têm aceitado as medidas impostas pelo Governo.

“Estamos resignados”, afirmou José Luís Carvalho, dinamizador de atividades culturais entre os portugueses em Andorra.

Agora, a comunidade tenta manter os laços através das novas tecnologias, nomeadamente redes sociais, onde os portugueses em Andorra são “muito ativos”.

“É uma ferramenta útil para quebrar a distância”, acrescentou.

Este português garante que, para já, não há portugueses a manifestarem a sua vontade de regressar a Portugal, tendo em conta que esta comunidade está bem enraizada.

Para Diogo Festa, diretor desportivo do Futebol Clube Lusitanos, um clube de futebol andorrano fundado por portugueses, o Governo fez bem em antecipar-se, pois o país tem apenas um hospital.

A trabalhar na construção civil, este português considera que as medidas impostas são boas, embora antecipe uma grave crise económica no final.

Apesar de tudo, acredita que os portugueses vão continuar em Andorra. “Há muitas comunidades aqui muito enraizadas e que ficam aqui”.

O Conselheiro das Comunidades em Andorra, José Costa Gonçalves, disse à Lusa que não há casos de portugueses em Andorra infetados pelo novo coronavírus.

Destaca as explicações diárias que o Governo dá sobre a situação e garante que os portugueses se sentem apoiados. O sistema de saúde também tem dado resposta à procura.

Para o cônsul honorário em Andorra, José Manuel Silva, os tempos ainda são de expetativa, embora bem visível o efeito do confinamento, com “tudo fechado e à espera”.

Embora preocupada, a comunidade portuguesa não tem apresentado queixas.

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