A diplomacia portuguesa deu passos positivos na relação bilateral com a administração norte-americana nos últimos quatro anos. Recordo as 130 iniciativas em 12 estados e em 60 cidades realizadas no mês dedicado a Portugal com epicentro nas comemorações do dia 10 de Junho.
Mas, a vitória dos democratas não pode deixar de contribuir para um mundo mais multilateral com uma agenda centrada no reforço da segurança coletiva, da Aliança Atlântica e do projeto europeu.
No discurso de vitória, Joe Biden prometeu unir, curar e juntar a nação, dando sinais positivos de que o regresso dos democratas à Casa Branca pode significar a vitória da diplomacia preventiva, o reforço das democracias e do Estado de direito e o apoio ao Pacto das Migrações.
A agenda internacional dos Estados Unidos tem também efeitos no cumprimento de muitos dos compromissos europeus e, naturalmente, portugueses. A primeira boa notícia é o reencontro dos EUA com a Organização Mundial de Saúde e a mobilização da administração para a adoção de medidas de mitigação e controlo da doença.
A segunda nota positiva é o regresso dos EUA ao Acordo de Paris sobre o clima e o anúncio de Biden de um investimento de 1,7 triliões de dólares a dez anos para a investigação científica em tecnologias verdes, estabelecendo como meta as emissões líquidas zero até 2050.
O terceiro indício positivo é a reversão das políticas de imigração. Entre outras mudanças, a nova abordagem promete proteger os denominados “dreamers”, crianças levadas ilegalmente para os Estados Unidos pelos seus pais e que, por decisão de Obama foram autorizados a permanecer no país e a acederem aos apoios sociais, onde se encontram muitos descendentes de portugueses.
São sinais positivos que poderão contribuir para uma mudança política global, com efeitos positivos no futuro do projeto europeu e nos valores do desenvolvimento humano digno e sustentável.
*Secretário-geral-adjunto do PS