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Congresso do PS: Pedro Nuno Santos promete visão, ambição e estabilidade

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O secretário-geral do PS apresentou-se este domingo como um defensor do sentido de comunidade, dos valores da empatia e da cooperação, com o Estado social como pilar, contra o individualismo que apontou como marca da direita.

“É a tomada de consciência de que vivemos numa comunidade nacional que nos pode ajudar a transformar para melhor a nossa vida individual e coletiva”, defendeu Pedro Nuno Santos, no discurso de encerramento do 24.º Congresso do PS, na Feira Internacional de Lisboa.

A primeira parte do seu discurso foi estruturada em torno dos “primeiros valores” do PS, os valores morais da empatia, da cooperação, da generosidade, do respeito mútuo, da reciprocidade nos laços” e resolução conjunta dos problemas, que constituem a sua “bússola moral”.

“É também esta visão que nos separa da atual direita, que, ao defender o lema individualista do ‘cada um por si’ organiza o mundo em função de uma competição geradora de poucos vencedores e muitos vencidos”, afirmou.

Pedro Nuno Santos argumentou que “o primeiro passo para compreender o mundo” é aceitar que os seres humanos vivem em interdependência e ficam vulneráveis quando se desligam dos outros.

“É da cooperação, da reciprocidade, da empatia que nasce uma comunidade nacional, com quem partilhamos uma história e com quem construímos um futuro. Uma comunidade que nos confere direitos e liberdades, mas que também nos impõe deveres e obrigações”, prosseguiu.

O secretário-geral do PS acentuou que para os socialistas “os problemas resolvem-se mais através da cooperação do que da competição, e mais através da ideia de responsabilidade recíproca do que da meramente individual”, o que se traduz na expressão “a união faz a força”.

“Juntos, cooperamos para aumentar as pensões e reduzir os custos de acesso à energia, mesmo que o pensionista não seja nosso avô. Juntos, cooperamos para que o casal possa encontrar uma casa onde possa viver com dignidade e conforto, mesmo que não sejam da nossa família. Juntos, cooperamos para evitar que o jovem abandone a escola e possa melhorar a sua aprendizagem, de modo a concluir os seus estudos, mesmo que não seja o nosso filho”, exemplificou, recebendo palmas.

“Cooperamos porque, para nós, os problemas de uns são os problemas de todos”, reforçou.

Para Pedro Nuno Santos, “estes valores têm de ter tradução concreta” e devem levar a “agir aqui e agora”, com “a ambição de um país desenvolvido”. 

“A ambição de um país onde o Estado social é a melhor tradução da ideia de comunidade. Uma comunidade de direitos e deveres onde todos contribuem em função das suas capacidades e beneficiam em função das suas necessidades. Este é o grande mecanismo para reduzir a desigualdade de oportunidades e para desenvolver as potencialidades de todos”, acrescentou.

Em matéria de ação governativa, o novo líder socialista passou sobretudo a mensagem de que pretende “avançar com convicção e com responsabilidade” na adoção de medidas em áreas em que o país apresenta problemas. Tudo com “visão e com previsibilidade, com ambição e estabilidade”.

Mas, logo a seguir, deixou uma advertência: “Estabilidade não é inércia, não é paralisia, não é indecisão”.

“Estabilidade é, antes, a capacidade de uma nova liderança manter um rumo disciplinado e em coerência com o passado e com os nossos valores, sem surpresas e sem ruturas”, sustentou, fazendo mesmo nesta questão o contraponto com o PSD..

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Tal como fez durante a campanha interna para a liderança do PS, o ex-ministro das Infraestruturas criticou a atuação dos sociais-democratas no processo que conduzirá à escolha de uma localização para o novo aeroporto de Lisboa.

“Curiosamente, a direita transformou a principal função de um político – tomar decisões – numa coisa negativa, errada, indesejada. Mas, é compreensível, para a direita, decidir representa um pesadelo”, começou por apontar.

Para Pedro Nuno Santos, essa conceção que atribuiu à direita de indecisão política, “resulta do mantra que o mercado tudo resolve e da sua inexperiência e impreparação governativa”.

“É por isso que, depois de oito anos na oposição, terão de estudar a solução para a alta velocidade (num país que já leva trinta anos de atraso em relação ao seu vizinho Espanha); depois de mais de 50 anos e 19 localizações, terão de criar um novo grupo de trabalho para estudar a localização de um aeroporto essencial para o desenvolvimento do país, para a sua adequada internacionalização”, criticou.

Pelo contrário, segundo o secretário-geral, “Portugal não pode esperar”.

“Queremos decidir, queremos avançar. Avançar é resolver os problemas e responder às legítimas ambições dos portugueses; avançar é modernizar o país, qualificar o emprego e tornar a economia mais sofisticada e mais diversificada; avançar é aumentar rendimentos e garantir justiça a quem trabalha e trabalhou toda uma vida; avançar é olhar os jovens nos olhos e dizer-lhes que o país tem futuro para eles”, advogou. 

Terminou a sua intervenção no congresso com uma referência às eleições legislativas e com uma frase algo enigmática: “Dia 10 de março, vamos continuar a avançar, juntos porque sabemos que isolados e sozinhos não vamos a lado nenhum”.

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