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Congresso do CDS reelege Nuno Melo e quer mostrar “competência”

© lusa

O CDS quis mostrar no seu 31.º congresso que está vivo e foi determinante na vitória da Aliança Democrática nas últimas legislativas, valendo por si sem “barrigas de aluguer” e sem abdicar dos seus valores.

Após dois anos de ausência na Assembleia da República, os centristas regressaram ao parlamento e ao Governo, e reuniram-se em Viseu para assinalar 50 anos de existência e contrariar a tese de que estas conquistas se deveram apenas ao PSD, através da coligação Aliança Democrática (AD).

“Nem o CDS foi muleta, nem o PSD barriga de aluguer”, frisou Nuno Melo logo no primeiro dia da reunião magna, que juntou cerca de mil congressistas no Pavilhão Cidade de Viseu, aos quais apelou para que nunca se sintam “parceiros menores” da AD, mas sim “aliados”.

Estava dado o mote da reunião magna, sublinhado desde logo pelo histórico ex-presidente Manuel Monteiro, o qual frisou que o PSD só ganhou as legislativas “porque o CDS estava lá” e também pelo dirigente e atual secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia. 

“Se não fosse o CDS, o primeiro-ministro em vez de se chamar Luís Montenegro, chamar-se-ia, para mal dos nossos pecados, Pedro Nuno Santos [secretário-geral do PS]”, defendeu o governante.

Num pequeno vídeo exibido na reunião magna, o antigo líder e ex-vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, frisou que “pelo voto dos portugueses no quadro da Aliança Democrática também foi expressa a vontade de que a voz da democracia-cristã, aberta a liberais e conservadores, voltasse ao parlamento e voltasse ao governo”, apelando aos centristas para que “provem bem, com competência no serviço” numa altura em que assumem novas responsabilidades.

Além de quererem mostrar que o CDS “é útil”, “necessário” e foi determinante na vitória eleitoral de março, os centristas fizeram também questão de lembrar que têm os seus valores e a sua singularidade, destacando a “preservação da família”, a oposição ao aborto e à morte medicamente assistida e a defesa de uma imigração regulada com “rigor na entrada e humanidade na integração”.

Manuel Monteiro, um dos autores do polémico livro “Identidade e Família”, chegou a avisar que “é bom que o parceiro de coligação saiba que o governo é de dois partidos e não apenas de um”, que os valores “não se negoceiam” e que o partido não tem que “pedir desculpa por ser contra o aborto”, frisando que não existe no país uma “polícia do pensamento”.

Houve também alguns militantes que alertaram para que a “identidade do CDS se dilua em laranjas” e defenderam que o partido não pode “dormir à sombra da laranjeira”.

Vários centristas manifestaram-se agradecidos a Nuno Melo por ter conseguido levar o CDS-PP de volta à Assembleia da República e ao Governo e a única crítica surgiu pela voz do antigo líder Francisco Rodrigues dos Santos, que não esteve em Viseu e aproveitou o seu espaço de comentário do CNN Portugal para acusar o partido de ser um “clubinho privado de portas fechadas à renovação” e admitiu desfiliar-se.

Melo acabou reeleito presidente com 89,3% dos votos dos delegados e com uma moção estratégica global aprovada por unanimidade.

O líder do CDS-PP traçou como objetivos ter um partido com mais mulheres e jovens, renovado, que não tem medo de ser moderno, no entanto, apresentou uma lista à comissão política nacional de continuidade, mantendo todos os vice-presidentes que o acompanharam nos últimos dois anos. 

No discurso de encerramento do congresso, o também ministro da Defesa Nacional anunciou que o Governo vai criar uma comissão para as comemorações do 25 de Novembro de 1975.

Enquanto responsável da pasta da Defesa, Melo assumiu como missão conseguir travar “o declínio no recrutamento” das Forças Armadas e quanto às eleições europeias, alertou que a escolha será entre “a tolerância e os extremismos”, apelando aos portugueses para que “não se deixem enganar”.

O congresso ficou marcado por vários atrasos no início dos trabalhos, algo já comum no CDS, tendo um dos congressistas manifestado desagrado com esse facto. 

“Já faz parte do ADN do CDS”, chegou a gracejar o presidente da Mesa. 

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