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Cá ná dá nada! 

“Depois de incansáveis esforços e noites sem dormir a caravela parecia estar à deriva em meio aquela imensidão azul, a nuvem ofuscada na mente dos marújos pairava a dúvida e o tempo já não se podia contar…”

Gabriel Oblasser dos Santos

Era uma vez, no pico da Era dos Descobrimentos, um grupo de portugueses que partiu numa viagem marítima em busca de novas terras. Eles navegavam pelos mares desconhecidos, enfrentavam Nereidas e Adamastores, e lidavam com as suas próprias trapalhices. 

Um dos marinheiros era o Camilo, que este tinha uma habilidade nata para se perder. Não importava o quão clara era a rota ou quão bem ele estudasse o caminho, mesmo que em linha reta fosse, o Camilo sempre encontrava forma de se confundir. 

Certo dia, o Capitão muito cansado, não viu alternativa senão pedir ao Camilo para tomar conta do leme, e disse-lhe que só tinha de vigiar para que este não rodasse. O Capitão confiava na tripulação, mas estava bem ciente da tendência do marinheiro Camilo em se perder. Ele disse ao Camilo para vigiar o leme e que só lhe deveria mexer se o leme se mexesse. 

No entanto, assim que o Capitão se retirou para a sua sesta de sonhos cor-de-rosa, Camilo começou a ficar irrequieto, com comichões nas mãos, andava de um lado para o outro do convés impaciente. Para relaxar, pegou no mapa e viu uma pequena ilha desenhada no canto, com a frase “Cá ná dá nada!”. Camilo, meditando com os seus pelos do peito, – porque não tinha dinheiro para botões-, pensou que esta poderia ser uma boa opção para parar o barco até que o Capitão se restabelecesse do seu sono de beleza. Então, estalou os dedos, rodou os ombros, respirou fundo e agarrou a grande roda de madeira do leme, e fez uma pequena alteração ao percurso.  

As horas passaram, e o Capitão subiu ao convés. Ao perceber que a paisagem lhe era familiar, perguntou ao Camilo se estava tudo bem e se eles ainda se mantinham na rota certa. 

Camilo, de peito cheio, orgulhoso, respondeu com confiança: “Boas notícias, meu capitão! Encontramos uma nova ilha não registada nos nossos mapas!” 

O Capitão muito surpreso, responde: – “A sério, Camilo tu mapeaste uma ilha?”

Camilo respondeu: “Bem, não é bem assim, eu vi um mapa que dizia “Cá ná dá nada!”, então pensei que seria um ótimo lugar para descansar, grelhar uns carapauzinhos, beber umas jolas… Mas, de facto, aqui não há nada além de mar!”

O Capitão não sabia o que fazer, se desfazer aquele camelo, ou rir-se. Respirou fundo, fechou os olhos, lembrou-se dos ursinhos de peluche do sonho do sono da tarde, e ganhou a coragem suficiente para explicar ao marinheiro Camilo que aquela indicação era apenas uma nota apontando de que não havia informações sobre aquela área em particular, e não havia uma ilha. 

Todos a bordo começaram a rir do erro de Camilo, e ele, para não demonstrar o seu constrangimento começou a rir com eles. Até que da cesta superior, conhecida como o caralho, o marinheiro vigia que lá estava de castigo, gritou: “Terra à vista! Terra à vista!”. Todos em espanto correram para confirmar o facto, e sim havia terra à vista. 

Chegaram-se mais perto, estacionaram a caravela, saltaram para o bote e do bote chegaram a terra. Uma terra rochosa e gelada. 

E, o marinheiro Camilo, sobe a um dos rochedos para ficar mais elevado que todos, e com alta voz grita: “Esta terra a partir de hoje vai se chamar Canadá! Porque cá com este gelo todo não dá para porra nenhuma!” 

E assim foi como os portugueses escolheram o nome da terra que se chama hoje Canadá.

Esta história mostra que, mesmo com suas habilidades de navegação questionáveis, os navegadores portugueses eram corajosos, determinados e capazes de encontrar humor nas situações mais inusitadas. Eles foram pioneiros que desbravaram novos horizontes e contribuíram para a história da exploração marítima e contribuíram para a evolução do mundo que hoje conhecemos. 

Agora, uma receitinha de carapaus grelhados com molho à espanhola:

Ingredientes:

1 kg de carapaus

Sal e pimenta q.b.

750 g de batatas

3 dentes de alho

2 cebolas

Salsa picada q.b.

1 colher (sobremesa) de pimentão-doce

2 dl de azeite

5 colheres (sopa) de vinagre

Preparo:

  • Arranje e lave os carapaus, tempere-os com sal grosso e deixe-os repousar durante 2 horas.
  • Lave as batatas, corte-as ao meio e leve-as a cozer com a pele em água temperada com sal.
  • Descasque e lave os dentes de alho e as cebolas, pique-os finamente, deite-os para uma tigela, misture salsa picada a gosto, o pimentão-doce, o azeite e o vinagre. Tempere com sal fino e pimenta e misture bem.
  • Sacuda o excesso de sal dos carapaus e grelhe-os de ambos os lados a gosto. Sirva-os depois com as batatas, regando tudo com o molho que preparou. Acompanhe ainda com salada.

Bom apetite! 

Dévora Cortinhal

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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