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Ballet de Marselha atua no Rivoli do Porto

© DR

Um programa que reúne as visões de quatro gerações de coreógrafas, entre elas a portuguesa Tânia Carvalho, vai ser levado ao palco do Rivoli Teatro Municipal do Porto entre sexta-feira e sábado, pelo Ballet Nacional de Marselha. 

O programa “Childs Carvalho Lasseindra Doherty” junta quatro coreógrafas convidadas pela direção da companhia francesa – o coletivo (La) Horde, composto pelos artistas Marine Brutti, Jonathan Debrouwer, e Arthur Harel – e é uma estreia nacional.

“Para nós era muito importante que quando entrássemos nesta instituição abríssemos a atividade a outros artistas, como neste programa”, disse à agência Lusa Marine Brutti, sobre os convites feitos ainda às coreógrafas norte-americana Lucinda Childs, a guianesa Lasseindra Ninja e a irlandesa Oona Doherty.

As quatro peças serão interpretadas por 22 bailarinos do Ballet Nacional de Marselha, dirigido desde 2019 pelo coletivo (La) Horde, que se afirma não binário, e que tem vindo a explorar novas dinâmicas de circulação da dança e de exploração do corpo.

“Podem pensar que este programa seja essencialmente feminino, mas nós não o vemos assim. É sobretudo um trabalho transgeracional que envolve criadoras com idades entre os 30 e os 80 anos”, sublinhou a artista na entrevista à Lusa, já que a coreógrafa norte-americana Lucinda Childs tem atualmente 82 anos. 

Há 12 anos a trabalhar como um coletivo artístico, o (La) Horde criou em 2020, já a liderar o Ballet Nacional de Marselha, a peça “Room with a View”, com o artista Rone, que compôs a música.

“Depois deste espetáculo criado por nós, quisemos partilhar a nossa experiência aqui [em Marselha] com outros artistas”, para “apresentar diferentes estilos que nos interessavam muito”, estando pela primeira vez numa posição de curadoria.

Quando questionados sobre as escolhas das criadoras, Marine Brutti faz sempre questão de comentar a própria pergunta: “Quando temos um programa de coreógrafos masculinos não se questiona o seu género, mas a questão surge quando se trata de mulheres”, disse.

“Somos uma companhia não binária e, por isso, é muito importante para nós unir artistas que têm algo a dizer, antes de se falar em género. Nós temos uma visão mais ampla da feminilidade. Não é apenas sobre género. Isso é muito redutor”, comentou a artista.

A direção também está interessada em recuperar peças antigas para as apresentar “com um olhar refrescado”, porque “o que é hoje clássico foi anteriormente revolucionário”, apontou.

“Pessoalmente não acredito nas coisas totalmente novas. Nada é criado de novo, mas surge, sim, de uma transformação”, disse Marine Brutti.

Neste espetáculo, destacou a “capacidade impressionante que os 22 bailarinos do Ballet Nacional de Marselha tiveram em adaptar-se a peças coreográficas “com estéticas muito distintas” propostas pelas criadoras.

Também destacou, no processo de trabalho, a “procura constante de ‘feed-back’ dos bailarinos, quando são desafiados a explorar novos caminhos de experimentação” na interpretação dos trabalhos.

Na linha deste conceito, e na sequência de uma encomenda do Théâtre de la Ville – Paris, Théâtre du Châtelet, com produção do Ballet Nacional de Marselha, surgiram as peças que compõem o programa que será apresentado no Porto.

O programa reúne a peça “One of Four Periods in Time (Ellipsis)”, da coreógrafa Tânia Carvalho, que também assina os figurinos, e tem música de Vasco Mendonça, interpretada por Drumming GP (Miquel Bernat, Pedro Oliveira, João Cunha, e Rui Rodriguez).

Lucinda Childs criou “Tempo Vicino”, com a música “Son of Chamber Symphony”, de John Adams, e Lasseindra Ninja apresenta “Mood”, com músicas de Maboko Na Ndouzou, Boddhi Satva, Djeff Afrozila, Vjuan Allure, Heavy K, Janet Jackson misturado por Gabber Eleganz, com figurinos de Erard Nellapin, Mugler por Casey CadWallader.

“Lazarus” dá título à peça coreográfica de Oona Doherty, que também assina os figurinos e é acompanhada pela música “Miserere Mei, Deus”, de Gregorio D’Allegri, com mistura da própria criadora.

Através de filmes e de performances, o coletivo (La) Horde – conhecido por ter criado o conceito de “danças pós-Internet” – tem vindo a questionar a componente política da dança, mapeando diversas formas coreográficas de revoltas populares, desde as ´raves´, às danças tradicionais e ao ´jumpstyle´.

O coletivo assinou filmes e performances como “Novaciéries” (2015), “The Master’s Tools” (2017), “Cultes” (2019) e peças coreográficas como “To Da Boné) (2017) e “Marry Me in Bassiani” (2019).

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