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Ave Mundo

Ave Mundo, cheio de vida
quem é convosco?
bendito sois vós entre os mundos e os sóis
e benditos são os vossos frutos,
mas os vossos frutos bons deixastes apodrecer,
o que comestes então? uns aos outros?
onde está o pomar da abundância?

Sois mais de três mil milhões
a olharem-se ao espelho agora
mortos já eram, agora o que são?
dormindo e fodendo, fecundando ou não
sem se conhecerem, pior, sem se verem!
nas sombras vos vislumbrastes agora
e na hora da vossa morte? assim seja!

O silêncio invisível, sabre impiedoso ante portas,
não de um inimigo, de uma espada de dois gumes,
de um assassino oculto, de um abraço, de um beijo,
do anjo da morte, do cavaleiro derradeiro
de gadanha em riste, ceifando o quê?
os frutos das vossas entranhas?
e vós deixastes?

Minha criança, vem então
está na hora de escreveres
todas as tuas canções
e compores os teus hinos da salvação
vem, minha criança indolente
nesta hora em que a noite
te responde finalmente.

Mas, diz-me, mergulharás tu na noite
assim, de olhos fechados e dorso curvado?
dobra-te apenas para amar
não prestes vassalagem à noite
a luz não se submete à treva
e eu te quis luz e luz és!
cintila então ou já te esqueceste?

Então, criança impaciente
vais ou ficas? és tu que decides!
eu sou apenas o guardador de rebanhos
não sou o lobo nem a serpente
não sou a foice ou o alfange
e se podo a árvore da vida de vez em quando
é para cresceres melhor, minha filha!

JLC15042020

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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