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AVC – o momento

Perguntaram-me várias pessoas como é que eu soube que estava a ter um AVC. Foi no sábado, quatro de Abril dois mil e vinte. Acordei cedo e desde há uns tempos, tinha optado por e porque tinha essa possibilidade, de trabalhar em casa.

Saia para efectuar compras para minha casa, mas também para casa da minha mãe, da minha sogra e da minha. Ao fundo da minha rua há um café onde eu tomava cafezinho matinal. Depois o café encerrou devido à pandemia e eu deixei de sair todos os dias à rua. Eram dez minutos.

Tomei o pequeno-almoço, li as notícias dos jornais. Vi as notícias na televisão, tomei banho e reguei as plantas. Esperei que a Ana acordasse para tomarmos juntos, um café na “esplanada” que é a nossa varanda da sala e que dá para o prédio da frente.

O almoço caiu-me mal, só comi um bocado. Depois a Ana foi fazer um puzzle de três mil peças e eu subi ao andar de cima para ver algumas coisas no computador que está num quarto que chamamos de escritório. E quando estava a ler na Internet o jornal espanhol ABC, eram cerca das quinze horas, começo a sentir um formigueiro enorme do lado direito do meu corpo: face, tronco e membros. Alguma coisa, soube de imediato, me estava a acontecer. Dirigi-me para o quarto ao lado e chamei pela Ana sem lhe dizer o motivo. Contei em breves instantes o que me estava a acontecer e era cada vez mais intenso. De imediato telefonei o 112 que atendeu com prontidão. Relatei o que me estava a acontecer, dei a minha morada e o meu nome completo e toda a informação que me iam pedindo e em dez minutos estavam em minha casa.

Fizeram-me um pré-diagnóstico mas não falaram muito e eu ia entendendo que estava a ter um AVC, através da conversa que mantinham com os médicos das urgências. Meteram-me na ambulância e lá fui eu a receber oxigénio estrada fora. Não foi muito tempo porque eu moro a cinco minutos de carro até ao hospital. Quando cheguei, já estava uma equipa de neurologia à porta das Urgências e já estava aberto o corredor de AVC e pouco tempo depois, estavam a fazerem-me um TAC.

Uns tentaram em vão em acalmar-me mas senti, desde que os técnicos do INEM entraram em minha casa, que estava entregue em boas mãos. Mantive-me sempre consciente, a responder de forma coerente a perguntas complicadas, acho que me perguntaram umas quarenta vezes a minha data de nascimento, a minha morada e o meu nome completo. Notava o ar de preocupação deles, mas sentia-me bem com a equipa médica e de enfermagem. Tive a certeza que desde o início que estavam a monitorizar-me vários indicadores e índices a todo o momento. Notei que colocaram num cofre o meu telemóvel, o meu relógio e a minha roupa e que registaram tudo. Já era longa a noite e adormeci com eles a zelarem por mim.

 

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