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AVC: beijos e abraços

Estou tão feliz que se vos apanhasse e não fosse a pandemia, cobria-vos de beijos e abraços até vocês começarem a partilhar informação de que “vem aí o doido outra vez, fujam!”. Isto faz-me lembrar uma história antiga em que, com um grupo de amigos, fomos à Feira de Gastronomia de Santarém. Porque sabíamos que iriamos comer e beber melhor, marcamos dormida para todos nós numa pensão. Cada um levou a sua mala. No entanto, um de nós tinha uma perna engessada e para das muletas auxiliares, levou também um apito, um cartão amarelo e um cartão vermelho, que no caso dele fazia parte do kit de viagem.

Esse meu amigo é um fulano inteligente, com muito humor, alto e possui uma figura possante. Para qualquer equívoco com outro meu amigo, este por acaso também se chama Pedro, tal como eu. A feira estava cheia de gente e o meu amigo arrastava-se muito contente a comer e a beber, tal como todas as outras pessoas. Deve ter comido imenso e bebido muito mais. E tanto bebeu que começou a apitar às pessoas e a mostrar-lhes cartões amarelos e vermelhos! Até o televisivo Carlos Mendes apanhou com duplo amarelo e um vermelho. Tanta foi a animação e arbitragem que de repente ouviu noutro grupo que “Vamos embora quem ali o coxo”.

E qual a razão para tamanha felicidade e “amelice”? Hoje, tal como ontem, cada minuto da fisioterapia foi aproveitado com sucesso. Saio de lá sempre cansado mas muito satisfeito. Acho que encontramos a via para a minha recuperação de forma correcta. Claro que contribuiu para a minha felicidade os elogios de dois terapeutas ao meu empenho e entrega, mesmo sabendo que ainda há muito para percorrer, achou que estou no bom caminho. Eu penso que tenho a obrigação de me empenhar totalmente não só por mim, mas também pela minha família amigo e todos que gostam de mim. Devo também empenhar-me por fazer valer a pena cada euro que o Estado está a gastar comigo. E claro, para que os terapeutas, médicos, enfermeiros, auxiliares e diversas outras pessoas que me acompanham, reconheçam e vejam ser reconhecido o seu trabalho, porque quase todos nós, não trabalhamos apenas por um salário.

A minha amiga Maria João, que é enfermeira no hospital, também me viu e disse que eu tenha evoluído muito na última semana. Não posso andar vaidoso? Em breve, entrarei numa fase mais complicada. Esta fase é identificada com uma autoconfiança aumentada, em que irei estar mais liberto e solto, baixando um pouco as defesas e a atenção. Portanto, terei que manter os níveis de alerta e as cautelas. O acidente deixou-me, para já, menor capacidade de reacção e reflexos e agora aumentaram a quantidade de movimentos que faço e há uma tendência para baixar a guarda.

O meu companheiro de quarto, que volta engana-se e afirma que fomos colegas de cama, o senhor Manuel, teve alta hoje e a está em casa. Isto é top!

Más notícias: o terapeuta disse-me que a partir de agora teria que ter cuidado com a alimentação, logo eu que estou desejoso de comer um belo “Leitão à Bairrada” e as gambas. Também terei de deixar de fumar, mas sem fumar, já levo oito ou nove anos e ter cuidado com a bebida! Hummm… Bebo socialmente e deixei de ser “bebum” há uns anos. O que é um “bebum”? Chamam os brasileiros aos que saem para beber um copo e mesmo que estejam com pressa, “bebem sempre mais um”. Tudo bem, os médicos, os terapeutas e as senhoras amigas da minha mãe, é que percebem de doenças e curas. Juntam-se as amigas no café e chegam até a trocar medicamento entre elas. O meu pai, também ontem no meio de uma conversa perguntou-me que medicamentos eu ando a tomar.

A ver se amanhã conto a história com o senhor Manuel.

Beijinhos repenicados e abraços apertados.

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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