As primeiras jornadas multidisciplinares da comunidade portuguesa na Austrália
A comunidade portuguesa na Austrália, cujas raízes remontam à segunda metade do séc. XX com a chegada de um grupo de emigrantes da ilha da Madeira à cidade portuária de Fremantle, destaca-se atualmente pela sua perfeita integração no continente-ilha, situado no hemisfério sul, na Oceânia.
Conquanto, os dados oficiais apontem para que vivam hoje pouco mais de 55 mil portugueses na Austrália, a comunidade lusa encontra-se disseminada por metrópoles como Perth, Melbourne ou Sydney, onde é possível encontrar centros culturais e recreativos, restaurantes e bairros onde se pode falar exclusivamente a língua de Camões.
Neste esforço de preservação e dinamização da herança cultural portuguesa no território australiano, tem-se destacado nos últimos anos a madeirense Sara Fernandes, natural de São Roque, freguesia do Funchal, atualmente conselheira das comunidades portuguesas em Melbourne e Perth.
Estabelecida há mais de uma década anos na capital ocidental, em Perth, a emigrante madeirense, eleita no ocaso do ano transato para o Conselho das Comunidades Portuguesas, acabou de cumprir no passado dia 9 de novembro (sábado), uma das suas promessas eleitorais estruturantes. Nomeadamente, as primeiras jornadas multidisciplinares da história da comunidade portuguesa na Austrália.
A iniciativa promovida pela conselheira madeirense, que contou com o apoio de várias entidades, organismos e especialistas, decorreu presencialmente no Club Português de Fremantle, em Perth. Tendo ainda sido transmitida online, cobrindo assim a vastidão territorial da Austrália, o sexto maior país do mundo em área terrestre, com aproximadamente 7,7 milhões de quilómetros quadrados.
As primeiras jornadas multidisciplinares luso-australianas dividiram-se em três eixos que deram origem a painéis temáticos dedicados à língua portuguesa, à educação e associativismo, aos serviços sociais e emigração, e o mundo dos negócios e empreendedorismo. Muito participadas pela comunidade luso-australiana, o evento contou, entre outros, com a participação do embaixador de Portugal na Austrália, António Moniz, que encerrou os trabalhos. E do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, que abriu os trabalhos com uma mensagem em vídeo, e não deixou de destacar o papel comprometido e dedicado da conselheira madeirense em prol da comunidade portuguesa na Austrália.
Nesse sentido, um bem-haja à conselheira das comunidades portuguesas em Melbourne e Perth. E nela a todos os conselheiros espalhados pelos quatro cantos do mundo, que muitas das vezes sacrificando a sua vida pessoal, profissional e familiar, assumem um olhar de compromisso com os emigrantes portugueses, os mais genuínos embaixadores do país.
Hoje, mais do que nunca, faz sentido a afamada expressão pessoana “a minha pátria é a língua portuguesa”. Uma pátria que não se confina às fronteiras tradicionais do mais antigo Estado-nação da Europa, ou se cinge à sua população que vive no pequeno retângulo à beira-mar plantado. Uma pátria, que pelo contrário, espraia-se em várias comunidades e descendentes espalhadas pelos quatro cantos do mundo, indubitáveis portugais onde remanesce a cultura e língua portuguesa, elos comuns da identidade lusófona.
Daniel Bastos