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As malandrices do sistema eleitoral português 

© Lusa

Há 50 anos que os procedimentos para formalizar as candidaturas a eleições a qualquer órgão de soberania português não mudam…tudo em papel para ser amigo do ambiente, nada de simplificações burocráticas, nada de simplex’s, nada de reformas , apesar de nestes 50 anos ter sido criado um novo cartão de cidadão, de existirem softwares que cruzam dados entre o SEF e a CNE e de existirem tecnologias que já fazem “trinta por uma linha”…

O sistema governado pelos velhos partidos dificulta, dificulta,  dificulta, dificulta… tudo o que lhe possa fugir às velhas bases de dados dos militantes nas sedes partidárias e que de eleição em eleição prejudicam com malandrices a democracia. Nos círculos da emigração é o que vê e em todas as outras eleições, o sistema bipartidário que temos dá aos presidentes de junta do PS e PSD, o poder de demorar dias a fio na atribuição de declarações comprovativas de recenseamento, tal como há 50 anos se fazia…papelinho aqui, mais papelinho ali…nada de permissões às assinaturas digitais…tudo à moda antiga; carimbos, selo branco, etc… não vão lá aparecer mais “Andrés Venturas” a desvirtuar o sistema…

Este sistema está bem controladinho pela burocracia “sem fim” de modo a proteger os partidos que pagam a funcionários para não se dedicarem a mais nada. Os muros levantados à participação da sociedade civil na democracia faz-se assim… o PSD e o PS podem explicar bem que uma candidatura partidária às eleições legislativas se faz com mais de 300 candidatos a deputados mas também com 300 idas à junta de freguesia para solicitar uma declaração, mais 300 idas à junta de freguesia para levantar as declarações, mais a emissão de milhares de credenciais para os membros das mesas de voto e mais 300 idas à junta de freguesia para fazer sorteios…

Os presidentes de junta do PSD e do PS também poderão explicar à sociedade civil que uma candidatura presidencial não se resolve só com 7500 assinaturas mas que também é necessário ir milhares de vezes à junta para entregar um papelinho e milhares de vezes para ir levantar o papelinho, com carimbos e selos brancos…

À burocracia das eleições, o simplex nunca chegará,  entretanto deixemos o sistema deitar votos para o lixo, deixemos o PS e o PSD comcorrer sempre com os mesmos e façamos uma estátua ao Tino de Rans por entregar todos os papelinhos milhares e milhares de vezes nos tribunais, nas juntas com os carimbos todos e junto dos cidadãos…

Realmente é preciso paciência para derrubar muros dos ditadores camuflados de papelada…

Viva os 50 anos de Abril!

Paulo Freitas do Amaral 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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