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Areia nos olhos

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Sete países europeus queriam que os seus capitães das equipas de futebol a atuar no Catar usassem uma faixa de capitão com os dizeres “One Love”, em defesa da inclusão.

A FIFA ameaçou puni-los com cartão amarelo ou com outra pena caso usassem a faixa. Perante a ameaça de punição, os respectivos representantes dos países, Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Holanda e Suíça renunciaram à iniciativa.

Por outro lado, delegações da União Europeia (especialmente da Alemanha) inclinam a cabeça com reverência profunda perante os catarenses para que lhes vendam gás!

A elite catarense pode rir-se destes europeus que por um lado querem o negócio do gás, por outro lado tomam iniciativas em defesa da moral, mas, quando se trata de passar à prática, a moral revela-se apenas como areia lançada ao ar com o fim de irem entretendo o povo em conversas sobre ela. O cinismo e a hipocrisia mandam saudações…

Vai-se vivendo na convicção de que meio mundo corrupto negocia com o outro meio feito de meios-corruptos (Esta moral do pragmatismo fundamenta a sustentabilidade da corrupção).

Também as sanções económicas em geral feitas em nome de valores a defender têm como finalidade não a paz nem a justiça, mas sim manter a guerra por outros meios em favor dos grupos mais poderosos.

A FIFA e os interesses económicos sabem que têm em sua posse o palco onde os políticos orgulhosamente se movem e por isso sente-se na mesma casa podendo agir livremente, independentemente da injustiça, porque o que conta é poder, interesses e influência…

Na pessoa do presidente da FIFA, Gianni Infantino, torna-se mais visível como, especialmente,  os países que participam da iniciativa “One Love” estão perdendo a sua espinha dorsal e a já deficiente credibilidade.

O Catar defende os seus interesses seguindo a sua tradição religiosa enquanto os europeus querem tudo, querem o dinheiro e a honra. Quem traiu as próprias regras foram os países participantes e na opinião pública ocidental armam-se em denunciantes.

António Justo

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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