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Ai padre Costa, a vida costa!

“Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas …Total: duzentos e noventa e nove filhos, sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres”.

Torre do Tombo, Armário 5, Maço 7

Os produtos da terra de antigamente é que eram bons, hoje não dão os nutrientes que são necessários para suster a vida. E, que o diga o padre Costa!

E agora vocês perguntam-me: “quem é o padre Costa?” 

Digo-vos já que metade da população da Beira Alta é-lhe familiar. Este padre teve a missão de vida mais difícil que poderia ser dada a um homem, repovoar uma localidade. Coitado do padre. Que sacrilégio, ser pai de 299 crianças! Dizem que até com a própria mãe este homem teve filhos. Ou seja, foi pai dos próprios irmãos, por isso, se conhecerem alguém que é feio nas beiras já sabem a razão.

E, obviamente, se for a Trancoso pode comprar o famoso chá do padre Costa. Dizem que faz milagres ao nível do pau de cabinda. Dizem os trancosenses que o chá é forte e de flores, que dá poder para seduzir e produzir, um verdadeiro “red bull” afrodisíaco da terra.  

Este pobre padre foi julgado pelos seus atos quando tinha 62 anos, e foi condenado a ser “arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou”, (condenação decretada por algum juiz raivoso).

Coitado do homem! Com tanto filho e 53 mulheres, já nem se importava com a condenação a que foi sujeito, ele queria era ver-se livre de tanta fralda e biberão! 

A violentíssima condenação foi revogada pelo rei D. João II, que viu esta situação pelo lado positivo, é que o rei fundamentou que o padre teria ajudado a repovoar a Beira Alta que estava em perigo de ficar despovoada. E, naquele tempo, uma localidade despovoada dava a oportunidade de outros povos a ocuparem, como os mouros ou os espanhóis. 

As pessoas de Trancoso sentem muito orgulho em serem possíveis descendentes do português com mais filhos de sempre! 

Se fosse hoje, sem dúvida que este padre teria uma página dedicada ao seu feito no Livro dos Recordes Guiness. 

Não vos deixo a receita do chá poderoso, mas, deixo-vos a receita de uma Sopa da Beira que o outono está à porta. Até lá, forcinha nas canelas e “vamos-lhá”.

Ingredientes: 

6 folhas de couve franzida (galega da região);

1 molho de nabiças;

1 fatia de presunto ou um osso de presunto com carne agarrada;

2 colheres de sopa de azeite;

125 g de farinha de milho;

sal;

pimenta; 

Preparo: 

Cortam-se as couves e as nabiças à mão.
Coze-se o presunto ou o osso em água suficiente para a sopa (cerca de 2 litros). Quando o presunto estiver cozido, retiram-se os ossos, esfia-se a carne e juntam-se as hortaliças e o azeite.
À parte desfaz-se a farinha de milho num pouco de água fria, que se junta ao caldo quando as hortaliças estiverem quase cozidas.
Deixa-se a farinha cozer e engrossar e retifica-se o sal e pode juntar-se um pouco de pimenta.

Bom apetite! 

Dévora Cortinhal

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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