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A sacrossantisse

A cada dia o português acorda a ver qual a instituição ou personalidade que nesse dia está a ser alvo de alguma diligência legal.

Agora tocou no intocável. Os juízes desembragadores Vaz das Neves, Rui Gonçalves e Orlando Nascimento, do Tribunal da Relação de Lisboa, são alvo de processos disciplinares instaurados pelo Conselho Superior de Magistratura (CSM) suspeitos de influências, ilegalidades várias, como abuso de poder.

Toda a gente preocupada num repente com a injustiça mensurando que é cega. Todos ficaram agora preocupados com a visão da injustiça onde vemos ao mais alto nível, como se vê lá no alto.

As mais altas entidades e instituições têm aberto bem os olhos para habilidades sacrossantas que são a sina deste paísito-à-beira-mar-muito-mal-plantado.

Não são só de agora. Não pensemos que são. Agora é que a mediatização é maior – muito mais ampla e imediata, ainda que alguns destes agentes aproveitem em seu favor esta mediatização.

Nos tempos da outra senhora estas coisas também aconteciam. Só que, já se vê, não constavam, mas o cidadão nem sequer acreditava.

Hoje em conversa convergimos nesta pluralidade: não acreditávamos que o senhor juíz, o senhor advogado, o senhor mais ou menos influente:
– Ahhh! Não…!!! Não fez isso.

Ainda verbalizámos que actualmente as classes sociais só se diferenciam em casa, dabaixo das telhas, porque no meio ou local onde nos encontramos, temos ao nosso pé o mais distinto indivíduo. Distinto, no sentido de ter uma actividade mais “elitizada”. Porque de resto qualquer indivíduo da nossa classe socializada é igual a qualquer um de nós. Um drogado, um bêbado, um marginal nas mais diversas ramificações está no nosso meio.

Nós vemos isso a todo o momento. A tal mediatização dá nota que o cívico é um delinquente mais primário, toda uma sorte desta ou daquelas classes…

Agora, acordamos agora, para que a justiça não é cega (porque deixa cair a venda): nunca foi. Sempre viu demais. Só que para disfarçar coloca uma venda.

 

PS – Não podia ter melhor ilustração: depois deste artigo pronto, o país acorda com a Comunicação Social a dar nota a esmo das mais diversas desgraças, desde a justiça ao catedrático futebol, à política nacional como autárquica. A sacrossantisse.

 

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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