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A mais bela das línguas

A Língua portuguesa é a mais bela de todas as línguas, porque nenhuma pode ser tão bela como aquela que conhecemos melhor. É a língua em que nos exprimimos, compreendemos o que nos dizem e entendemos os nossos irmãos lusófonos. É a única de que conhecemos todos os segredos, subtilezas e segundos sentidos. Mas é ainda muito mais do que isso e convém lembrá-lo no contexto em que se assinala o Dia Mundial da Língua Portuguesa. É uma língua que une vários povos e é falada em três dezenas de organizações internacionais. E por isso é um ativo estratégico da maior importância, falado por vários milhões de portugueses, lusodescendentes e lusófonos espalhados por dezenas de países pelo mundo.

Houve tempos em que não se valorizou esta imensa riqueza por causa do complexo associado ao estigma da emigração, o que a remetia para um gueto. Quando finalmente se começou a valorizar o seu peso económico e cultural, tudo mudou e passámos a exibir, orgulhosos, o quinto lugar entre as línguas mais faladas do mundo, com perspetivas sólidas de expansão no futuro, passando dos atuais 260 milhões para cerca 350 milhões já em 2050, em virtude das dinâmicas demográficas, sobretudo em África.

O Ensino de Português no Estrangeiro, essencialmente dirigido aos jovens portugueses e lusodescendentes, mas também muito frequentado por alunos lusófonos, é uma peça chave nesta arquitetura de defesa e promoção da língua, não obstante a diversidade própria da estrutura das nossas comunidades e daquilo que é permitido pelos governos e administrações escolares de cada um dos países de acolhimento.

Isto não impede, no entanto, que esteja bem integrado numa lógica coerente que percorre vários graus de ensino, do pré-escolar ao superior, precisamente sob a tutela do Instituto Camões, que é quem tem a experiência mais sólida e competências reconhecidas neste domínio. E devemos acrescentar ainda, neste contexto de afirmação e valorização da Língua portuguesa, o prestígio que lhes é conferido pelo ensino nas Escolas Portuguesas nos países lusófonos e os cursos em cátedras, leitorados e protocolos com universidades em mais de 70 países.

A Língua portuguesa é, indiscutivelmente, uma riqueza imensa para todos os povos que a falam, porque os une, dá-lhes projeção global e é um fator económico relevante. Daí que seja da maior importância que todos os países da CPLP valorizem muito mais o peso e importância das suas diásporas. Através da Língua Portuguesa, cada um dos povos que a utiliza torna-se mais global como parte de uma rede planetária que dá para cada uma das culturas em que se exprime. É, por isso, uma Língua que tem capacidade de afirmação fora das fronteiras de cada um dos países onde é falada.

Aquilo que poderia ser visto como uma desvantagem, que é a descontinuidade geográfica dos países lusófonos, tem também o seu lado positivo, uma vez que garante uma inserção da Língua em todos os continentes. A aprendizagem crescente do Português é hoje um dado adquirido em muitos dos países vizinhos dos que falam a Língua, essencialmente por motivos de natureza económica.

É inegável o grande potencial económico que a língua representa em termos de trocas comerciais e de utilização no espaço digital e, cada vez mais, no domínio científico.  Mas é importante sublinhar também o seu imenso poder de afirmação cultural, através de uma riquíssima e criativa diversidade na música, na literatura, nas artes. Do fado à Bossa Nova, do samba às mornas, de Jorge Amado a Fernando Pessoa, de Germano de Almeida a Mia Couto, de Pepetela a Drummond de Andrade, de José Craveirinha a Luandino Vieira e tantos outros expoentes culturais em vários domínios.

É uma língua falada em mais de 30 organizações multilaterais em todos os continentes. Nas organizações internacionais, a Língua portuguesa é fator de força e coesão: protegemo-nos e defendemo-nos uns aos outros. O facto do Secretário-Geral das Nações Unidas ser António Guterres ou que o brasileiro Roberto de Azevedo seja o diretor-Geral da OMC é um orgulho para toda a lusofonia.

Língua Portuguesa é muito mais do que uma mera ferramenta de afirmação de uma identidade. É uma língua universal e pluricontinental, que veicula culturas e identidades diversas, história e fraternidade. É uma Língua para todos os que a queiram aprender.

E é esta a sua maior riqueza e a sua imensa força. Cabe-nos a todos saber defendê-la e projetá-la como uma grande Língua global que é, ainda por cima porque todos percebemos que as suas potencialidades estão longe de estarem esgotadas.

Paulo Pisco

Deputado do PS

 

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