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A história de James Bond começa no Casino Estoril

Foi um dos mais importantes agentes dos serviços secretos durante a Segunda Guerra Mundial. Trabalhou para alemães, ingleses e americanos. Dusko Popov (na foto acima), um advogado e playboy sérvio, serviu de inspiração a Ian Fleming quando criou a personagem de James Bond em Casino Royale, aliás Casino Estoril.

O sérvio Dusko Popov (1912-1981) nasceu para ser espião, capaz de usar todas as máscaras conforme a situação exigisse: impostor e vilão, patriota e herói, amante e assassino.

Foi nele que o escritor inglês Ian Fleming (foto abaixo), oficial da informação naval britânica encarregue de seguir Popov em Lisboa e no Estoril, em Maio de 1941, por causa de uma avultada maquia que os serviços secretos britânicos lhe tinham entregado, se inspirou para criar a sua personagem James Bond, o espião ao serviço de Sua Majestade.

Dusko Popov, atraente, elegante e charmoso, era um agente duplo (mais tarde triplo), talvez o mais importante de todos eles durante a Segunda Guerra Mundial. 0%Volume

Nascido em 1912, na Sérvia, Dusko Popov era neto de um banqueiro e industrial, e passou a infância entre a casa da família em Belgrado e o refúgio de Verão em Dubrovnik.

Em fevereiro de 1940, Popov era um bem-sucedido advogado de negócios em Dubrovnik, e tinha negócios que passavam pela embaixada alemã. Um secretário da embaixada propôs-lhe então que se infiltrasse em determinados círculos sociais e económicos para obter informações sobre um banqueiro. Acabou a trabalhar para alemães e ingleses ao mesmo tempo: um agente dupla.

Um oficial inglês descrevê-lo-á assim: “era firme como aço, implacável, e tinha uma coragem e um sangue-frio que lhe permitiam circular vezes sem conta entre os quartéis-generais dos serviços secretos alemães em Lisboa e Madrid, quando corria o risco de ser abatido”.

Lisboa era um pântano de espiões a esbracejarem entre mentiras e rumores. A informação era o bem mais valioso em circulação: mesmo os porteiros de hotel, os camareiros ou os empregados de balcão, poderiam estar a ser pagos por um qualquer país. Foi a esta azafamada colmeia de refugiados, diplomatas, informadores, agentes secretos e espiões, que Dusko Popov veio parar para “retirar o seu mel”.

No final de novembro de 1940, ao chegar a Lisboa, e cumprindo as instruções recebidas, Dusko Popov contactou um major alemão e foi recolhido na Rua Augusta; instalou-se no exclusivo hotel Aviz, onde na altura vivia um dos homens mais ricos do mundo, Calouste Gulbenkian. Todo o hotel transpirava aristocracia no seu mobiliário francês do século XVII, nas pinturas nas paredes, nas peças em ferro forjado. O hotel Aviz era controlado pelos alemães. Mas poucos dias depois, Dusko Popov muda-se para o hotel Palácio, no Estoril, que era, tradicionalmente, pró-Aliados.

Dusko Popov fazia-se acompanhar quase sempre de uma mulher, quando não de duas ou três, nas suas movimentações. Entre vários episódios acontecidos, fica para a história da espionagem uma noite de maio de 1941 no Casino do Estoril. Ian Fleming, então oficial da marinha britânica, tinha sido encarregado de seguir Popov para proteger o dinheiro que este trazia consigo, pertença do MI6.

Dusko foi para o casino e apercebeu-se de que era seguido por Fleming. Decidiu afrontá-lo, em jeito de divertimento, apostando numa mesa de bacará todo esse dinheiro, 50 mil dólares – à época uma enorme fortuna. Uma proeza que teve um feliz desenlace. Esse episódio surge mais tarde no primeiro livro de Fleming, Casino Royale: o casino era o do Estoril, os penhascos da Bretanha eram em Cascais, e os hotéis Hermitage e Splendide eram os hotéis Palácio e Parque.

James Bond afinal era Dusko Popov, que pouco tempo depois se tornaria ainda num agente triplo, ao serviço do FBI.

 

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