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A cabala e a cambada

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Uma declaração de interesses inicial. Sou amigo pessoal e nutro uma imensa estima e respeito pelo Eng. Patrocínio Azevedo, o Vice-Presidente da Câmara de V.N. de Gaia, constituído arguido há dias num processo em que o Ministério Público o acusa de favorecer interesses privados (licenciamento de obras) a troco de contrapartidas em espécie (relógios caríssimos) e numerário em dinheiro vivo (saco azul). Conheço o Eng. Patrocínio de uma confraria gastronómica e enológica de Gaia, onde se produzem sãos convívios para falar desses temas específicos, e doutros muitos e variados. Tabus totais e absolutos: política e negócios. 

O Ministério Público baseia as suas acusações nas duas vertentes mencionadas acima. Segundo me dizem, e os jornais assim o relatam, o Eng. Patrocínio não nega que ao longo dos anos lhe chegaram às mãos efetivamente relógios oferecidos, só que ele invariavelmente os devolveu à procedência. Enquanto Presidente de uma companhia isso aconteceu-me inúmeras vezes ao longo da vida. Havia regras para recebimento de presentes no Natal, ou em outras circunstâncias quaisquer, pelo que ou eram devolvidos, ou então faziam-se rifas que eram vendidas aos colaboradores da companhia, cujo produto de venda revertia a favor do Grupo Desportivo e de Solidariedade. Os Presidentes da República Portuguesa criaram um museu com os caríssimos presentes recebidos nas suas deslocações ao estrangeiro. Ou seja, receber presentes caros não é um pecado nem um ilícito, até porque nem sempre são entregues em mãos à pessoa que se quer tratar de influenciar, mas sim o destino que se lhes dá! Eu rifava o que me davam e comunicava-o a quem mo tinha dado (com o tempo essa pessoa deixava de me dar presentes), os Presidentes da República formaram um museu com o que lhes foram dando, e o Eng. Patrocínio devolveu-os à procedência, não lhe encontraram um só relógio escondido em casa ou no escritório. Quanto ao dinheiro, o Eng. Patrocínio não foi visto pessoalmente a receber um só centavo, contrariamente ao que vimos de um certo senhor, filmado a receber baksheesh numa mala para favorecer o licenciamento do Freeport de Alcochete. Adivinhem quem foi o “pardal”….

Segundo me dizem, o advogado de quem se diz ser o testa-de-ferro do Eng. Patrocínio, confessou ter ficado ele próprio com a mala de dinheiro vivo que lhe foi entregue numa casa de banho do NorteShopping, e prontificou-se até a provar o destino final que deu ao dinheiro. O Ministério Público diz que não aceita nem acredita nessa confissão do advogado, pede à juíza que o solte e mantenha em prisão domiciliar, e que o Eng. Patrocínio siga em prisão preventiva! Ou seja, a não ser que o Ministério Público tenha provas concretas que ainda não divulgou, o Eng. Patrocínio está a ser vítima de uma cabala que lhe arrasou a vida. A sua honorabilidade foi destruída nas redes sociais, essas arenas de destruição maciça de reputações no anonimato, a sua família foi obviamente afetada, e a sua vida profissional está feita num oito. 

O Ministério Público deve-nos a nós, aos leitores dos jornais, aos ouvintes de rádios e televisões, ao Eng. Patrocínio, aos seus amigos e familiares, uma rápida e conclusiva prestação de provas, e o esclarecimento da razão pela qual o testemunho do suposto testa-de-ferro não ser credível, e ainda assim ele ser mandado para casa! 

Quem me conhece sabe que eu sou implacável no combate à corrupção privada e pública com o modesto arsenal de armas que tenho à minha disposição (os meus princípios e valores, a minha ética pessoal, a pluma digital com a qual escrevo sobre o que vejo, leio e penso). Ainda atordoados e atónitos com a operação Babel em Gaia, somos arrasados com notícias sobre a Tutti Frutti na Câmara de Lisboa, em que aparentemente há um conluio ao mais alto nível entre os dois partidos do chamado “arco do poder”, ou “bloco central de interesses”, mediante o qual PS e PSD se aliam nos bastidores com amizade, sintonia, conluio e compadrio para esmifrar o dinheiro dos contribuintes, enquanto em público aparecem como gladiadores em combate mortal na arena do circo! Nem na Roma de Nero havia tanta porcaria junta como aquela com que os portugueses estão a ser atolados. 

Frau Von der Leyen, bitte, bitte, keine „Kohle“ mehr nach Portugal bis die Sozialisten die Instrumente gegen den unglaublichen Sumpf der Korruption eingeführt haben! Wir haben es satt!

José António de Sousa

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