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A bolha

Há por aí uma crença qualquer de que a “vida política” é uma actividade desenvolvida numa “arena” onde é permitido muito do que não o seria fora desta.

Esta crença indica quatro pressupostos. 

O primeiro, que a “vida política” é uma totalmente autónoma da vida quotidiana, ignorando que, através da acção política – substância e modo – se afecta, positiva ou negativamente, a vida quotidiana dos demais. 

O segundo, que aos adversários (especialmente os internos) não deve ser poupado qualquer esforço para os derrotar, ignorando o princípio da dignidade da pessoa, sujeita às limitações da condição humana, aos defeitos e erros, mas também ao direito à respectiva remissão. 

O terceiro, que a opção dos meios para atingir o adversário, mesmo que perversos e desleais, podem justificar os fins, ignorando que, no processo, o modo de acção, qualifica, e em muito, quem as toma. 

O quarto, que ao contrário de uma guerra convencional, não se aplicam regras de conduta, ignorando a obrigação de proteger os que não participam directamente na contenda. Não há código de honra, ao contrário do que sucede, até, em organizações mafiosas. 

Esta crença gera um inaceitável clima permanente de guerrilha. 
Que nivela por baixo a comunicação, bem como qualquer elementar tentativa de debate político. 
Que degrada a imagem pública dos políticos e das suas instituições, e afasta dela aqueles que, não dependendo de forma alguma da política para viver, não aceitam sujeitar-se a tais práticas. 

Talvez seja. precisamente, esse o objectivo: AFASTAR! 
E não atrair, reunir ou construir, como seria de esperar. 

Era só o que mais faltava, deixar-se o terreno livre para tal gente!
É tempo de clarificar, de “separar o trigo do joio”, de dividir, para depois então, com o que restar – seja muito ou pouco -, congregar e construir.

Mário Cunha Reis

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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