20 milhões de refeições foram distribuídas graças às borras de café
Consumidores de café que reciclam as cápsulas contribuíram com 20 milhões de refeições para pessoas necessitadas nos últimos 14 anos, com algumas delas a terem arroz na mesa devido ao café que outras beberam.
O processo ‘arroz por café’ decorre da campanha “Reciclar é Alimentar”, um projeto de circularidade e sustentabilidade criado em 2010 pela empresa Nespresso. Consiste em utilizar as borras de café na produção de arroz que é depois doado ao Banco Alimentar contra a Fome.
Foram doadas até à data mais de 960 toneladas de arroz. Só este ano a iniciativa já contribuiu com 1,25 milhões de refeições através do Banco Alimentar.
Andreia Vaz, diretora de marketing da empresa, do grupo internacional Nestlé, disse à Lusa que a ideia surgiu em Portugal em 2010 e foi pioneira, tendo entretanto chegado a outros países europeus. “Com base no nosso compromisso de sustentabilidade queríamos um programa de impacto local” que usasse as borras do café “para um bem maior e para a comunidade”.
O ano era 2010, uma altura em Portugal de “constrangimento”, de famílias “com carências”, recordou a responsável, referindo-se à crise económica de então. E o arroz, disse, começou também a ser um alimento em falta e que segundo a presidente do Banco Alimentar contra a Fome, Isabel Jonet, é a base da alimentação dos portugueses.
A marca, lembrou também Andreia Vaz, é pioneira na reciclagem de cápsulas. “Tudo o que fazemos na Nespresso tem um destino sustentável, desde a origem do café até ao consumo. É um compromisso da marca desde o momento em que é criada”, afirmou.
Andreia Vaz adiantou que há 250 pontos disponíveis em todo o país de recolha de cápsulas, das lojas da empresa a locais de venda de máquinas de café e até supermercados, e que essas cápsulas são depois enviadas para uma empresa de reciclagem que faz a separação entre o alumínio das cápsulas e a borra do café.
O alumínio é depois integrado em novos objetos, como canetas, máquinas fotográficas, canivetes, bicicletas até. Mas é seguindo as borras de café que se chega à Terra Fértil, uma empresa de compostagem e valorização agrícola, que prepara um composto que é depois enviado para a Herdade Monte das Figueiras, na zona de Alcácer do Sal, para adubar os campos de arroz.
O composto é doado e a Nespresso compra depois o arroz produzido, embala-o e doa-o ao Banco Alimentar.
“Ao longo de 14 anos já doamos mais de 960 toneladas de arroz, são quase 20 milhões de refeições, para ser mais precisa 19.7 milhões de refeições entregues a famílias carenciadas” representando quase duas refeições por português. “Efetivamente sentimos que o nosso contributo tem um impacto positivo em milhares de famílias”, disse Andreia Vaz.
Mas alertou que a taxa de reciclagem é de 33% e apelou aos consumidores para que entreguem muitas mais cápsulas.
Focada no que já existe, Isabel Jonet elogiou os resultados, a sensibilidade de quem entrega cápsulas para reciclar e que está a contribuir “para levar arroz à mesa de quem precisa”.
O Banco Alimentar recebeu há pouco tempo 66 toneladas de arroz – menos este ano porque 30 toneladas foram consideradas arroz trinca e, uma novidade, foi doado a organizações de apoio a animais.
Isabel Jonet considerou a iniciativa “verdadeiramente sustentável”, porque já dura há 14 anos e procura envolver os clientes na reciclagem das cápsulas e com isso produzir alimentos para quem precisa. “Esta componente, que é duplamente ambiental e social, já existia quando ainda eram poucas as empresas que falavam de sustentabilidade”.
Isabel Jonet lembrou que os 21 bancos alimentares, que abrangem todo o território, contribuem para a alimentação de 4% da população portuguesa, 400 mil pessoas que recebem comida que vem de um Banco Alimentar através de parcerias com 2.600 instituições.