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A saga do emigrante (baseado em factos verídicos)

© DR

A Despedida

– Tónio peço-te, não vás.

– Mãe tenho que ir,

Por muito que me esforce não sou capaz,

A vida não está fácil, não tenho paz,

Tenho mesmo de partir.

Tónio não quer desfazer os laços

Que o ligam à terra e aos seus,

Perde-se em lágrimas, beijos e abraços,

Na vida só damos certos passos,

Com a coragem e a força de Deus.

Parte numa incógnita aventura

À procura de vida melhor, mais dinheiro,

Porque a vida tem-lhe sido madrasta e dura,

Mas o tempo tudo cura,

Com essa esperança vai para o estrangeiro.

Vai triste e nos pensamentos absorto,

Por vezes a vida tem destes sarilhos,

Abraça e beija os pais no aeroporto,

Do lar, para trás deixa o conforto,

Em lágrimas despede-se da mulher e dos filhos.


A Chegada ao Estrangeiro

Chegado a esta terra para si desconhecida,

O coração a palpitar de receio e algum medo,

Se foi difícil e penosa a partida,

Não menos penosa será esta nova vida,

Isso já ele o sabe nunca foi segredo.

Não gosta deste país que é tão cinzento,

E já não sabe se fez bem em emigrar,

Os que ama não lhe saem do pensamento,

A sua alma é como um luar alvacento,

Retira-se de tudo e de todos para chorar.

Levanta-te, faz-te forte que a vida é dura,

Vá, vamos Tónio, está na hora de ires trabalhar,

Acaba com essa agonia, essa tortura,

Saíste de Portugal porque vieste à procura,

Da vida melhor, com a qual andaste a sonhar.

Tónio arregaçou as mangas e foi à luta,

Não se deixou cair em nenhuma derrota,

Da seriedade e do trabalho fez a sua conduta,

Encontrou filhos da mãe e filhos da puta,

E nem sempre quem o ajudou era seu compatriota.

Não é que Tónio se esteja a queixar,

E a crítica é palavra proibida,

Levanta-se cedo e passa o dia a trabalhar,

O seu conterrâneo não tem tempo para ajudar,

Porque cada um tem a sua vida.


Adaptação

Tónio trouxe a família e estava feliz,

Mas o tormento deles ainda ia começar,

O Joãozinho não entende o que a professora diz,

Chora todos os dias, não está feliz,

Não chores Joãozinho hás de te habituar.

O tempo por vezes é um bom remédio,

E se não cura pode pelo menos aliviar,

Que o emigrante não se queixe de tédio,

Se levar este novo desafio a sério,

Pois acaba a família por se adaptar.

E neste país encontraram paz e estabilidade,

Neles há uma alegria que se não pode negar,

De Portugal ficará sempre o amor, a saudade,

Mas para se falar verdade

Voltar de vez já ninguém quer voltar.

Chegam as férias e é grande a excitação,

Rever a família e os amigos que teve de deixar,

E às vezes lhe vem dizer um ou outro figurão,

Que quer Tónio queira quer não,

Para ganhar dinheiro não precisou emigrar.

Tónio não se chateia nem se lastima,

Estas críticas para si não são entraves,

Ao sair de Portugal que tanto ama, tanto estima,

Estava por baixo quando os figurões estavam por cima,

Hoje são eles os que enfrentam dificuldades.

A sua aventura dava filme de grande enredo,

Deixou Portugal e fê-lo em boa hora,

Teve altos, teve baixos, mas o seu grande medo,

São as notícias que mais tarde ou mais cedo,

Vêm dizer que um ente querido se foi embora.

E foi-se embora para onde, posso saber?

Tónio sempre viveu esta angústia permanente,

Esta incógnita que ensombra a alegria com sofrer,

Esta dúvida que é certeza sem o ser,

Esta dor que se esconde e está presente.


Conclusão

Vinte anos já lá vão desde o dia em que emigrou,

Muitas provações e algumas foram bem duras,

Medos, incertezas, sacrifícios que passou,

Umas batalhas que perdeu, outras que ganhou,

E Tónio está feliz porque nestas aventuras,

Conheceu outras gentes, outras culturas.

O balanço que desta aventura se pode tirar,

Quando as incertezas eram se vou ou se fico,

Bem que acertou na decisão de emigrar,

Pois dos muitos sacrifícios acabou por ganhar,

E de toda esta experiência ficou mais rico.

(Possivelmente Poemas)

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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