Na mensagem de Ano Novo, o presidente da República pediu “credibilidade e transparência às instituições políticas”, atenção ao esforço “custoso para pôr de pé uma democracia” fácil de destruir e “exigência” nas escolhas a fazer nas próximas eleições europeias, regionais da Madeira e legislativas.
Terá razão. Ainda assim, de pouco servirá apelar à renúncia de “arrogâncias intoleráveis, promessas impossíveis, radicalismos temerários e riscos indesejáveis”, se forem omitidos os motivos da tentação por respostas assim erradas.
As reações extremistas e nacionalistas não nascem de gestação espontânea. Há causas profundas que há décadas vêm minando os alicerces dos regimes democráticos. E as pessoas estão cansadas.
Cansadas da corrupção indecente e às claras, praticada por tantos responsáveis políticos de partidos que se dizem moderados e à custa de rótulos acumulam votos e se alternam no poder, mas depois se apropriam ilicitamente de parcelas do erário público e do património alheio.
Cansadas de declarações públicas e peregrinações em defesa dos piores exemplos da política, em vez do repúdio cristalino da má conduta daqueles que os tribunais mostraram incapazes das funções públicas para que foram escolhidos. E não, não somos todos iguais.
Cansadas dos ataques à Justiça, em vez de melhores meios para quem a encarna. Nenhum regime é democrático, onde a criminalidade prevaleça incólume.
Cansadas da colonização forçada com socialismo, de parcelas do Estado, onde só poderia haver isenção, escolas e universidades, a começar.
Cansadas de dois pesos e duas medidas. De alarmes – justificados -, em relação ao crescimento da extrema-direita, enquanto se faz silêncio e aprecia o crescimento dramático da extrema-esquerda, amiga de ditaduras implacáveis. A propósito, o PCP e o BE, que em Portugal exercem o poder como contrapartida da manutenção no poder do PS derrotado nas urnas, defensores da loucura venezuelana, críticos do projeto europeu, saudosos da União Soviética e da experiência albanesa de Enver Hoxha, representam 20 % da Assembleia da República. Mas claro, tudo bem.
Cansadas de dogmas artificiais de género e de “ditaduras” de minorias.
Cansadas de um “politicamente” correto que vergasta e insulta quem quer que se atreva a não reproduzir fielmente as “narrativas” ideológicas criadas pelos círculos clássicos de comunicação.
Cansadas de dívidas irresponsáveis, medidas por impostos absurdos e pelo Estado que falha onde não poderia faltar.
Cansadas da simples falta de senso.
Em relação a tudo isto, 2019 trará muitas e boas diferenças. À direita e em democracia.