A história conta-se em duas penadas. Na verdade conta-se em duas tecladas e passou-se numa Loja do Cidadão.
Ali é suposto poder tratar-se de tudo e mais do que não se pode tratar.
Estava eu junto a outro utente menos novo num balcão, que era atendido por uma morena senhora jovial. Dizia ela ao senhor que ali não lhe conseguia resolver o que ele pretendida.
Delicadamente falava com ele e era muito explícita, muito clara. Muito objectiva.
Perguntava com clareza ao senhor se conhecia a praça tal. O senhor anuiu. Disse-lhe que lá lhe trataria de tudo, com prontidão, ligeireza e brevidade.
O senhor ainda se fazia rogar, embora convencido da alternativa que a senhora lhe apresentava. Ele estava era embevecido com a disponibilidade, a dedicação, a bondade da senhora.
A senhora disse-lhe que quando não está “de turno” na Loja do Cidadão, está lá nessa praça. Esta semana estava de tarde na Loja, encontrá-la-ia na praça pela manhã.
Já lhe havia apontado num papel o seu nome, os papéis que deveria voltar a levar, e era só chegar e perguntar por ela. Sem que antes lhe indicasse o número de telefone pessoal.
Agora eu interrogo-me! Num local onde se trata de quase tudo, quando se não trata de tudo, que é uma Loja de Cidadão, não podia tratar aquilo e rigorosamente a mesma senhora poderia – podia – resolvê-lo num serviço privado!
Mário Adão Magalhães
(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico).