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A cerveja que está a matar as Águas do Luso

O presidente da Câmara Municipal da Mealhada insurgiu-se esta terça-feira contra a possibilidade de a Sociedade Águas do Luso vir a desaparecer por causa de uma eventual fusão de empresas controladas pela Sociedade Central de Cervejas (SCC).

“Por favor, não matem a Sociedade Águas do Luso (SAL)”, pediu Rui Marqueiro, durante uma conferência de imprensa em que estava acompanhado pela presidente da Assembleia Municipal deste concelho do distrito de Aveiro e pelos presidentes das freguesias do Luso e Vacariça, onde a SAL mantém em funcionamento escritórios e linha de engarrafamento.

Marqueiro anunciou que vai escrever ao Conselho de Administração da SCC, especificando as razões pelas quais a SAL deve ser poupada na eventual fusão de empresas.

“Não vemos com bons olhos esta fusão”, avisa.

A missiva será aprovada ainda esta terça-feira em reunião do executivo municipal, sendo ratificada em Assembleia Municipal antes de ser “enviada e divulgada em diversos meios”.

O autarca conta que foi surpreendido, no início da semana, por um telefonema do Conselho de Administração da SCC para a possibilidade de fusão de diversas sociedades, por uma razão de economia de escala.

“Essa fusão condena a SAL, põe fim a uma história com mais de 160 anos de ligação ao Luso, aos seus habitantes e ao concelho”, resume Marqueiro, lembrando que a SAL foi fundada em 1852, enquanto a SCC apareceu somente em 1934.

Marqueiro reconhece que a eventual fusão é um ato comercial de uma empresa privada, que a Câmara da Mealhada dificilmente pode impedir.

“Resta-nos pedir com humildade à SCC, que é o que estamos a fazer”, acrescenta, lembrando “a história gloriosa” da SAL no desenvolvimento da vila onde ficam situadas as nascentes. “O Luso não seria o que é sem a Sociedade”, refere.

O autarca lembra à SCC que “a Mealhada e o Luso corresponderam” quando a Central decidiu mudar do Luso para a Vacariça os escritórios e a linha de engarrafamento, no início do século.

“Essa mudança representou um custo pesado. Hoje não há um banco no Luso, porque saíram de lá os escritórios. E não há um café na Vacariça por causa dos camiões de transporte das garrafas. Perdeu o Luso e a Vacariça não ganhou”, resume Marqueiro.

O autarca lembra ainda que a SCC paga um preço simbólico pela utilização de quatro quilómetros de condutas de água, das nascentes à linha do engarrafamento, que atravessam terrenos municipais e privados.

“Não há nisto qualquer ameaça”, garante Marqueiro, acrescentando que “é impensável acabar uma história gloriosa de 168 anos com uma escritura pública”.

Através da Fundação Luso, a SAL mantém há muito uma colaboração permanente com a Mealhada, Luso e Vacariça e também com a Fundação Mata do Buçaco, a quem apoiou na recuperação dos estragos causados pela passagem da tempestade tropical Leslie.

Recentemente, a Fundação doou um milhão de garrafas de Água do Luso a “instituições e organizações” na primeira linha do combate à pandemia covid-19, sobretudo hospitais.

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